Apesar de conter a palavra “pequeno” no nome, o pequeno-almoço é uma refeição particularmente importante! No caso dos mais novos, essa importância é ainda maior, por vários motivos…
Em primeiro lugar, porque as crianças precisam de energia. Além de o pequeno-almoço ser a primeira refeição do dia após um período de muitas horas de jejum (sono), as crianças são normalmente muito ativas, o que faz com que essa refeição não deva ser desvalorizada. Mas atenção que isso não significa que não devam existir regras, pois o facto de as crianças precisarem de energia não significa que podem comer tudo o que lhes apetecer, nas quantidades que quiserem…
Em segundo lugar, é fundamental o pequeno-almoço ser escolhido de forma a que possa alimentar continuamente as células durante várias horas, nomeadamente as células do cérebro, pois esse é um órgão muito estimulado nas atividades letivas das crianças. E qual é a fonte de energia que o cérebro utiliza? Os açúcares! Sim, os “malvados” açúcares, que são a origem de todos os problemas de saúde das sociedades modernas, e de todas as doenças crónicas, são indispensáveis para que a nossa central de controlo – o cérebro – funcione corretamente. No entanto, se reparar, na primeira frase deste parágrafo eu utilizei a palavra “continuamente”. Ou seja, por um lado devemos garantir uma alimentação das células prolongada no tempo, por outro lado devemos fornecer hidratos de carbono. Combinando estas duas informações, chega-se à conclusão que o pequeno-almoço deve conter, idealmente alimentos que façam com que o açúcar seja absorvido lentamente a nível intestinal. Para conseguir isso, basta consumir alimentos com hidratos de carbono mais complexos, e boas fontes proteicas e de fibras. Se a quantidade de hidratos de carbono for insuficiente, ou se forem todos absorvidos rapidamente, a meio das aulas a criança vai começar a ficar com dificuldades de concentração, raciocínio lento, sono, dores de cabeça, etc. Enfim, tudo aquilo que não queremos que aconteça!
Em terceiro lugar, destacaria o impacto que o consumo do pequeno-almoço pode ter ao nível do peso. Está provado que de uma maneira geral o consumo do pequeno-almoço pode ser um aliado muito importante no controlo do apetite durante o dia. Consequentemente, vai ajudar a garantir um aporte calórico adequado durante o dia. De facto, há muitas evidências científicas que apontam para um papel importante do pequeno-almoço na perda de peso e/ou na manutenção de um peso baixo. A obesidade infantil é um problema gravíssimo de saúde pública. Já não devíamos estar no tempo de achar piada quando se vê um bebé ou uma criança gordinha, pois isso significa que essa criança infelizmente sofre de uma doença (peço desculpa pela frontalidade, mas a obesidade está classificada como uma doença crónica e é fundamental ser encarada desta forma…), e por isso deve ser tratada para não sofrer consequências graves no futuro. Não tenho dúvidas que todos queremos o melhor para os nossos filhos, netos, sobrinhos, amigos, etc., e quando se desvaloriza o excesso de peso das crianças estamos a comportar-nos de forma contrária a isso.
Portanto, como pode constatar, são várias as razões que fazem com que o pequeno-almoço seja uma refeição particularmente importante para os mais novos, principalmente durante o período letivo. Eu sei, por experiência própria, que o início do dia com crianças em casa é (quase) sempre motivo de stress, pois há horários a cumprir (para as crianças e para os adultos!). Mas isso não deve servir de motivo para desvalorizar o pequeno-almoço. Se for preciso, acorde 10-15 minutos mais cedo e invista um pouco mais de tempo para preparar um pequeno-almoço nutritivo, equilibrado e saudável para si e para os seus filhos. O que vai ganhar em saúde compensa claramente o que perde em sono!