As convulsões febris são bastante assustadoras e “feias” de ver, mas geralmente não têm nenhum risco para a criança, seja em termos neurológicos ou de desenvolvimento. No entanto, qualquer convulsão que surja sem febre é sempre um sinal de alarme, que implica observação médica.
As células cerebrais comunicam entre si através de pequenos impulsos eléctricos. Sempre que uma zona do cérebro é activada, as zonas “vizinhas” são inibidas para que a informação passe adequadamente e, assim, possa ser activada a função corporal mais adequada. No entanto, nas crianças pequenas esse sistema de inibição pode não funcionar adequadamente e isso pode originar descargas eléctricas cerebrais generalizadas, que se vão manifestar por convulsões.
No caso particular das convulsões febris, a imaturidade cerebral faz com que o cérebro seja activado de forma exagerada e generalizada perante um estímulo de stress, a febre. Como consequência, geralmente a criança perde a consciência, deixa de responder e apresenta movimentos involuntários dos braços e pernas (como se fossem “sacudidelas”). Pode revirar os olhos e ficar com uma cor mais arroxeada. Estas são as manifestações típicas, mas uma vez que o cérebro comanda todas as funções corporais, as convulsões podem também manifestar-se de outras formas, tais como ficar parado e com o olhar fixo, com movimentos de mastigação ou com tremor de apenas um braço, por exemplo. Habitualmente surgem nos primeiros picos de febre (1º-2º dia de doença) e não é necessário que a temperatura seja muito alta, uma vez que acontecem na subida térmica (muitas vezes por volta dos 38,5ºC).
Esta é uma situação que afecta crianças pequenas e que pode surgir até aos 5-6 anos. O seu tratamento passa pela aplicação no ânus da criança de um medicamento específico (diazepam), de forma a parar a convulsão. Depois de terminar é frequente surgir sonolência, que pode durar cerca de 30 minutos e que depois vai resolvendo progressivamente. Se a convulsão não parar ao fim de 5 minutos da administração do medicamento, pode ser aplicada uma segunda dose de medicação, mas posteriormente a criança deve ser observada num serviço de urgência.
FACTORES DE RISCO
Na maior parte das vezes, as convulsões febris surgem em meninos saudáveis, sem nenhum problema de saúde. No entanto, o facto de existir uma história familiar de convulsões febris aumenta o risco de poderem ocorrer.
Podem-se repetir até aos 5-6 anos, embora não haja forma nenhuma de prever quando é que isso vai acontecer, bem como prevenir a sua ocorrência. A história familiar de convulsões febris e o facto da primeira convulsão ter surgido numa idade muito precoce são dois dos principais factores de risco que aumentam a probabilidade de repetição do quadro.
Apesar de poder ser difícil, os pais devem tentar lidar com as situações de febre com a maior tranquilidade possível, pois a maior probabilidade é mesmo que a convulsão não se repita. De qualquer forma, é sempre uma incerteza, que cria uma compreensível insegurança aos pais.