Desde o nascimento do bebé, até mesmo antes dele, a chupeta faz parte do vocabulário e rotinas dos pais. Uma das principais dúvidas dos pais relaciona-se com o seu uso ou não e até quando deverá ser utilizada. Mas o bebé precisa mesmo de chupeta? Se usar a chupeta a criança vai ficar com os dentes ‘tortos’? Estas são algumas das questões que fazem parte da rotina clínica e do contacto com os pais que iremos tentar elucidar…
A chupeta é algo que dá prazer ao bebé pelos movimentos repetitivos de sução (não nutritiva) ajudam a acalmar e regular o bebé. Desde o tempo intrauterino (aproximadamente 9ª semana) o bebé pode experienciar a sucção do dedo. Após o nascimento o bebé mantém este padrão de sução, seja no dedo, na mama ou no biberão. E a chupeta? Deverá ser oferecida ao bebé?
Sem dúvida que a sucção não nutritiva (com recurso à chupeta) é algo que dá conforto ao bebé prevenindo a agitação e irritabilidade. Ajuda também os pais a compreenderem melhor as necessidades do bebé, nunca esquecendo que o choro dos bebés é diferente e pode corresponder a diferentes necessidades (fome, dor, entre outras). No entanto devemos aplicar a velha máxima do ‘nem oito nem oitenta’… Não deverá ser oferecida indiscriminadamente, nem deverá estar sempre visível ou acessível para o bebé. Isso poderá aumentar a facilidade do seu uso e a criação de uma dependência num padrão de comportamento do tipo causa-efeito. No entanto, existem alguns estudos que nos mostram que a utilização da chupeta nos bebés é um aliado importante na prevenção da síndrome da morte súbita.
Qual a chupeta ideal para o meu bebé?
A escolha da chupeta deverá ser um momento efetuado com a informação devida. Independentemente da marca a chupeta deverá ter um bico ortodôntico e deverá ter um tamanho ajustado à cavidade oral do seu bebé. Por norma, a idade cronológica deverá ser respeitada na altura da compra. Muitas vezes somos questionados se o bebé utilizar uma chupeta de idades inferiores (por ter uma dimensão menor) não terá menos efeitos nocivos. Não é verdade porque a chupeta deverá acompanhar o crescimento da cavidade oral para não propiciar malformações através das forças de sucção efetuadas. Quanto a material, deverá ser preferido o látex em relação ao silicone uma vez com exige ao bebé uma menor força de sucção, embora a higienização da mesma deverá ser mais efetiva.
Qual a altura ideal para retirar a chupeta?
Em primeiro lugar não deve ser visto como uma ‘retirada’. A ligação bebé-chupeta é uma ligação prazerosa de dependência e conforto, e como tal deixar de a usar deverá sempre ser encarada como uma conquista e uma não-necessidade. Um sinal de crescimento e autonomia por parte da criança. Não deverá ser imposta, traumática, comparada com atos infantis entre outras. Adiar nunca é a solução! A idade limite (com todas as limitações que esta afirmação pode ter) são os 3 anos, pois após esta fase o seu uso poderá ter mais consequências do ponto de vista da mobilidade e força da língua e formato da cavidade oral, formando a tão caraterística ‘boca de chupeta’, com consequências ao nível da fala, do modo ventilatório (com predomínio oral) e da fala da criança.
Estratégias para inibição ou minimização do uso da chupeta.
- Diminuir o tempo de utilização da chupeta, preferencialmente apenas no período para adormecer.
- A criança deverá estar motivada para deixar a chupeta. Por vezes associar ao estar mais crescida e a existência de um reforço positivo para isso mesmo poderá ser um facilitador.
- Partilhe essa conquista no núcleo mais próximo da criança e apresente sempre essa vontade como uma conquista, evitando apreciações negativas sobre o seu uso.
- Ter apenas uma chupeta e não a ter sempre acessível no período da ‘retirada’.
- Procurar fazer uma transição da chupeta para outro objeto do gosto da criança associada às rotinas da mesma, por exemplo um boneco de que goste e vá com ela para a cama.
Ficam algumas explicações e perspetivas que espero ajudem a elucidar este ‘outro lado da chupeta’. Em caso de dúvidas fale com o seu Pediatra ou Terapeuta da Fala, que poderão a ajudar a encontrar estratégias de inibição ou transferência mais específicas para o seu filho.