No meu hospital o cenário nos últimos dias tem sido constante: a afluência à urgência está em números muito elevados e os casos de gripe A vão-se multiplicando. E, na verdade, este é um pouco o panorama nacional, de norte a sul do país.
Perante os relatos de “surtos” de gripe A nos infantários e nas escolas, a ansiedade dos pais tem aumentado de forma significativa, pelo que importa perceber que doença é esta e, acima de tudo, quais são os motivos de preocupação neste contexto.
A gripe é uma doença respiratória, provocada por um vírus chamado influenza e que provoca os sintomas típicos deste tipo de infeções: nariz entupido, secreções nasais e tosse. Para além disso, pode ainda causar dores de cabeça, dores no corpo, mal-estar geral e febre, que pode ser elevada. Como a maior parte das infeções víricas, dura tipicamente 3-5 dias, sendo que a tosse e as secreções nasais podem estar presentes durante 2-3 semanas.
O tratamento é apenas sintomático, ou seja, deve lavar bem o nariz com soro fisiológico ou água do mar, dar medicação para a febre se ele estiver desconfortável e, eventualmente, pode também dar medicação para ajudar na diminuição das secreções nasais, sempre sob indicação de um profissional de saúde.
Assim, se o seu filho apresenta este tipo de sintomas pode aguardar durante uns dias antes de o levar a um serviço de urgência, desde que não apresente:
- Idade inferior a 3 meses
- Mau estado geral quando baixa a febre
- Dificuldade respiratória
- Manchas no corpo que surgem nas primeiras 24h de febre
- Recusa alimentar significativa
- Vómitos persistentes
Para uma lista mais completa dos sinais de alarme a ter em atenção, consulte um dos seguintes links:
Como conclusão, gostaria apenas de reforçar a ideia de que, apesar da preocupação que tem gerado, a gripe A trata-se apenas de uma gripe, igual a todas as outras que surgem todos os anos. Chama-se gripe A pelo tipo de vírus envolvido, mas não é mais grave por isso, o que deve, obviamente, ser um fator tranquilizador.