Ora aqui está uma pergunta difícil de responder para muitas pessoas. Mas a verdade é que é essencial que se pense neste assunto, pois a capacidade de dizer NÃO apode ser muito protetora nalgumas situações e é uma das competências sociais mais importantes a desenvolver.
Claro que, quando inserimos esta questão numa relação entre pais e filhos surgem algumas subjetividades sobre as quais é importante refletir:
- O NÃO pode ser protetor
Como é lógico, todas as mães e pais desejam que os seus filhos sejam capazes de se defender e saber negar algo que lhes está a ser proposto ou imposto é importantíssimo. Nesses casos, o NÃO pode servir de proteção e é claramente vantajoso.
- O NÃO pode colocar em risco
Quando falamos da relação entre pais e filhos, falamos de uma relação que privilegia, quase sempre, o bem-estar e a segurança da criança. E, quando a intenção é essa, pode ser importante que as crianças cumpram o que se lhes pede, mesmo que não concordem ou não gostem, sob pena de, se não o fizerem, se coloquem em risco.
- O NÃO manifesta uma vontade
O respeito mútuo e o igual valor, princípios importantes e reforçados pelos modelos de parentalidade mais atuais implicam que se reconheça (e bem!) que todos os elementos da relação tenham direito às suas necessidades, às suas vontades e à sua opinião.
- O NÃO pode dar poder
Sempre que alguem marca uma posição com um “não” está a manifestar poder para contrariar o que foi dito. E, claro, isso pode ter um lado positivo, mas também um lado menos positivo, dependendo da forma como e utilizado.
Estes são apenas alguns pontos de reflexão sobre um assunto que daria uma discussão muito alargada, mas que servem de base para se pensar neste tema com a seriedade que merece. Assim, em jeito conclusão diria que é claro para mim que as crianças devem sempre dizer que NÃO quando não concordam ou quando sentem que alguma coisa está a atentar o seu bem-estar, independentemente de quem vão contrariar. Essa é uma competência social que vai ser fundamental para o resto das suas vidas!
No entanto, gostaria também de esclarecer que o NÃO, mais do que um elemento de rotura e de oposição, deve ser encarado mais como o ponto de partida para uma discussão que se pretende que seja produtiva e que tenha em atenção todas as partes. Mas, como é óbvio, há situações em que mesmo com o NÃO dos filhos, a decisão final compete à mãe e ao pai, que são os elementos com mais responsabilidade na relação e, como tal, é a eles que compete a “última palavra” em caso de divergência de opiniões e/ou posturas.