Uma das dificuldades que algumas pessoas encontram é explicar o que é isto de parentalidade positiva. E a maior dificuldade está até, em evitar o olhar de esguelha do pessoal que acha isto tudo muito estranho ou teórico.
Pessoalmente, o termo parentalidade positiva assusta-me um bocadinho. Já me disseram que é impressão minha mas continuo a achá-lo muito pesado. Educação positiva é bem mais suave e por isso decidi juntar os dois termos ‘Educação e Parentalidade Positiva’ mas, a verdade é que uso muito mais o Parentalidade Positiva.
Já no meu blogue (Mum’s the Boss) expliquei um pouco do que isto é mas tenho muita dificuldade em resumir esta filosofia a uma só frase ou linha.
Parentalidade Positiva está no meio da educação autoritária e no meio da permissiva.
A autoritária faz uso e abuso das humilhações (‘Estás aqui, estás a apanhar!’ ‘Come se não vem aí o polícia e leva-te.’ ‘Se não me dás um beijinho és feio!’ E por aí fora), das palmadas, dos castigos.
A permissiva reside muitas vezes na culpa que os pais sentem por não estarem tão presentes como desejariam e faz com que permitam muitas coisas que não deveriam permitir. Tais como? Tais como comer um bocadinho de chocolate ao almoço quando na noite anterior se passou a noite em claro por causa de uma gastro. Basicamente tem a ver com a incapacidade em dizer-se que não aos filhos com medo que eles gostem menos de nós ou com medo de os frustrar. A verdade é que por muito que se queira poupar os nossos filhos aos nãos, eles são absolutamente necessários para o seu crescimento.
Na permissiva também incluo os pais negligentes. E esta negligência não acontece só nas famílias disfuncionais ou com menos recursos. Negligência é também não deitar os filhos a horas porque estou ao telefone com uma amiga. Todos os dias. Ou estou em frente ao PC a ‘falar’ com alguém no facebook. Negligência é não me certificar que há trabalhos de casa para fazer. Negligência é não exigir que os meus filhos se esforcem e se concentrem ao fazerem os tais trabalhos de casa e que os façam bem. Saberem o que é esforçarem-se para atingirem resultados é importante e só faz bem. A cultura da mediocridade não leva a lado nenhum. Ora, se há espaço para brincar, também há espaço para estudar e ser-se bom!
Mas, ainda assim, com esta categorização, explicar o que é a parentalidade positiva continua a ser difícil. E porquê? Porque a ideia está associada a uma educação permissiva porque não faz uso das palmadas, dos castigos nem das humilhações. E educar sem se fazer uso disto parece missão impossível. Parece mentira. Parece demasiado teórico. Parece difícil. Parece que é feito para hippies ou gente muito zen. Pois é… mas não é. Não é fácil, admito. Mas é possível e não tens de fumar umas drogas recreativas ou tomar uns quantos valdisperts para lá chegares.
Se te lembrares que a tua criança é uma pessoazinha e que está a aprender, é possível que ganhes em paciência e dedicação. Afinal, tu é que és o pai ou a mãe e a tua função é acompanhares o teu filho nesse crescimento. Se queres que o teu filho seja mais organizado, então tens de lhe mostrar, dia após dia como é que isso se faz. Não podes pedir que o seja/faça, se não ensinas, se não acompanhas, faço-me entender? Ninguém nasce ensinado e todos nascemos com naturezas muito distintas uns dos outros. Uns com capacidade para umas coisas e outros para outras. O resto pode ser aprendido. A tua missão é essa: ensinar.
Se te lembrares que o teu filho é uma pessoazinha, é possível que o passes a respeitar mais e, com isso, te tornes mais empátic@ e passes a ver as coisas pelas ‘lentes’ que ele usa.
Parentalidade positiva é isto tudo.
E quando me dizem ‘ah sim, sim, pois mas isso és tu que és calma’ ou ‘isso é muito bonito mas devias ver os meus filhos, ‘ou isso é uma treta, toda a gente já bateu nos filhos’ ou ainda ‘sim, mas eu também apanhei e os meus pais castigaram-me muitas vezes e até de forma injusta e olha, estou aqui’, a minha resposta é só um sorriso e um acenar com a cabeça. Há um momento e um espaço para tudo. E aquele não era claramente esse espaço nem momento.
A verdade é que as pessoas que praticam esta filosofia são pessoas que passaram a ver o crescimento dos filhos (e as birras e respostas tortas and so on) com uma maior serenidade. Não quer dizer que aceitem ou sejam permissivas. Quer apenas dizer que sabem que faz parte, que stressam menos e são mais calmas e por isso conseguem melhores resultados. Mas também se passam. Como eu também me passo de quando em vez!