“Todos erramos” ou “Errar é humano” ouvem-se muitas vezes quando algo não corre bem. É já uma frase feita que resulta para justificar os erros que acontecem neste ou naquele contexto. É um facto que todos erramos, e que errar é humano. É igualmente um facto que o erro faz parte do processo de aprendizagem. A questão que se coloca é a condescendência de quem está do outro lado. Do pai, do professor, do chefe,…, que aparentam ter pouca tolerância perante o erro.
Certamente que se conhecem estas condicionantes do erro, mas no momento, nem sempre é fácil lidar com o erro dos outros. Porque nos enervam, nos atrasam, porque temos de investir mais tempo, porque nos causam prejuízo, porque temos de refazer tudo outra vez,…
São geralmente fatores externos a quem tem de tolerar o erro dos outros que dificulta as coisas. Aos pais (que têm de fazer o jantar, arrumar a casa, tratar de banhos, preparar roupas, ajudar nos estudos, receber companheiro, pensar no natal,…) aos professores preocupados com o avançar da matéria e com o pouco tempo disponível para tanto, aos chefes que também têm chefes que lhes exigem resultados que se comprometem com os erros dos seus subordinados,… é uma bola de neve de influências que se criam e perpetuam a menor tolerância ao erro do que se deveria ter.
A acompanhar o erro, é comum, seja a nosso favor ou contra nós, em algumas situações vivenciar um sentimento de culpa. No entanto, muito de nós sentimo-nos culpados com bastante frequência levando-nos para caminhos auto-depreciativos e destrutivos. Faz parte das situações sentirmo-nos culpados dos nossos erros, mas também por vezes sentimo-nos culpados com os erros dos outros. A culpa desempenha uma função adaptativa que nos ajuda a aprender com as experiências negativas. Apesar da crença generalizada em contrário, a experiência da culpa não é totalmente negativa. Saber como lidar com o sentimento de culpa, aprendendo a retirar o que lhe serve, a minimizar os danos e a enfrentar a vida por outra perspetiva é importante para tirar partido, por estranho que pareça, dos erros.
Errar é uma certeza, já o lidar com erro de forma proveitosa não. Aprende-se. Em situações de lida com o erro muitas vezes incentivamos a pessoa a continuar, relativizando o erro. Contudo encorajar para seguir em frente tem mais impacto. Pode parecer um preciosismo, mas há diferenças entre incentivar e encorajar. Assim como há diferenças entre um chefe e um líder. O chefe manda, o líder dá o exemplo. Encorajar alguém que errou é associar-se e estar ao lado a fazer parte de equipa. Quem erra deve sentir que não está só. Que há outros que estarão ao lado a ajudar a superar.
Não basta dizer que para a próxima vai ser melhor. De pouco resulta! Mais impacto têm frases como “percebi que fizeste mal aqui, vou ajudar-te nesta fase”, “ é um erro comum que também já cometi, se fizeres assim minimizas a probabilidade de voltar a acontecer”, “quando fazia o que estás a fazer, eu fazia assim …”.
Nas situações negativas, a mente ativa a preocupação, revê vezes sem conta as escolhas ou ações e os resultados envolvidas. O que dizemos a nós mesmos de forma repetida e recorrente vai ficando enraizado na nossa mente. Depende de nós ser positivo ou negativo.
O que dizemos a nós próprios e a forma como dizemos, tem efeitos enormes. É como se os processos mentais inconscientes ficassem sintonizados com o que dizemos a nós mesmos em silêncio ou em voz alta. É importante ter cuidado sobre a forma como dizemos as coisas para nós próprio quando se está a passar por dificuldades, lutas ou arrependimentos. Devemos tentar ter o mesmo cuidado a falar para nós mesmos, tal como teríamos se falássemos com um amigo que está a passar por dificuldades ou que tenha feito algo do qual não se orgulhe.
Reconhecer o erro é benéfico se depois conseguirmos manter um equilíbrio emocional que atue a nosso favor. Para isso é necessário que nos coloquemos com uma atitude onde possamos acionar os nosso recursos para agir, minimizando o erro, evitando que volte a acontecer, ou antecipando novas situações para que não volte a ocorrer.