A descoberta dos antibióticos foi um dos grandes avanços da Medicina, que mudou radicalmente o panorama das doenças infeciosas. No entanto, nos últimos anos tem-se verificado um aumento das resistências a este tipo de medicamentos, pelo que é importante perceber o que são e para que servem os antibióticos.
O primeiro conceito a ter em consideração prende-se com a distinção entre vírus e bactérias. Os primeiros são microrganismos muito rudimentares, que não têm capacidade de divisão autónoma. Por esse motivo, necessitam de infectar as nossas células para poder usar as suas estruturas e, assim, criar novos vírus. Eles vão-se acumulando dentro da célula e, quando são muitos, rebentam-na para poder circular também. Desta forma, é fácil perceber porque é que a maioria dos vírus são auto-limitados, ou seja, a infecção acaba por passar naturalmente, sem tratamentos. Isso acontece porque eles precisam das nossas células para se multiplicar, mas, quando o fazem, destroem-nas e ficam sem capacidade de se voltar a dividir.
As bactérias têm características bem diferentes. Têm capacidade de invadir directamente as células e de se multiplicar sozinhas, pelo que, geralmente, são mais agressivas. Por esse motivo, causam mais destruição e complicações, necessitando muitas vezes de ser combatidas com medicamentos que actuem directamente nelas, que as matem e impeçam o seu crescimento.
Esses medicamentos são os antibióticos. Estes só são úteis nas infecções provocadas por bactérias, seja pela sua gravidade, seja pela sua própria forma de actuar Não têm nenhum tipo de eficácia contra vírus e é errado dá-los nesse tipo de infecções, pois são incapazes de actuar contra microrganismos que não se consigam dividir sozinhos!
O problema de haver um uso indiscriminado é que, sempre que se dá um antibiótico, vamos matar as bactérias que existem no nosso organismo que lhe são sensíveis. No entanto, as que são resistentes vão permanecer e crescer sem a “concorrência” das outras. Para além disso, podem ainda passar a novas bactérias os genes responsáveis por essa resistência, o que pode fazer com que os antibióticos deixem de ser uteis para aquela pessoa. Este problema das resistências dos antibióticos é uma verdadeira questão de Saúde Pública, que pode condicionar muito a capacidade de resposta contra as infecções, pelo que deve ser levado a sério por toda a população.