A leucemia é popularmente conhecida como um cancro “do sangue” e isso não é de todo incorreto.
O nosso sangue possui 3 tipos diferentes de células: os glóbulos ver- melhos (servem para transportar oxigénio para os tecidos), os glóbulos brancos (importantes para a defesa do organismo) e as plaquetas (envolvidas na coagulação do sangue). Todas elas são produzidas por um órgão chamado medula óssea, embora a partir de células-mãe diferentes.
O que acontece na leucemia é que a medula óssea se encontra invadida por glóbulos brancos imaturos, que se multiplicam sem regra. Isto vai fazer com que eles se acumulem no sangue e também em outros locais, como o baço e os gânglios linfáticos (é por este motivo que eles aumentam de tamanho nestas situações). Para além disso, vão ocupar os espaços medulares dos glóbulos vermelhos e das plaquetas, causando anemia, cansaço fácil e sangramentos frequentes. No fundo, são estes os sintomas mais frequentes das leucemias, associados ainda a infeções de repetição.
Uma vez que os glóbulos brancos servem para nos defender, parece contraditório pensar que nestas situações em que eles se acumulam, o risco de infeções esteja aumentado. Na verdade isso acontece porque os glóbulos brancos da leucemia são demasiado imaturos e não fun- cionantes, pelo que não exercem corretamente o seu papel. No fundo, espelham o ditado que diz que “quantidade não é qualidade”…
Para além dos sintomas que referi acima, é sempre importante fazer análises ao sangue para se ter o diagnóstico. Elas visam avaliar não só a presença ou ausência de células malignas, como também a possível extensão a outros órgãos. É por isso também que se devem igualmente fazer alguns exames de imagem (radiografia torácica e ecografia abdominal, por exemplo), para poder estimar melhor a gravidade do quadro.
Apesar de este ser um diagnóstico profundamente assustador para toda a gente, a medicina tem evoluído muito neste campo e as taxas de sucesso são muito elevadas, principalmente para as leucemias das crianças. Felizmente, hoje em dia é mais frequente a cura do que o insucesso! No entanto, os tratamento são sempre complicados e envolvem geralmente quimioterapia e, eventualmente o recurso a um transplante de medula óssea. Os diferentes tratamentos vão variar consoante o tipo de leucemia, já que existem também muitos tipos diferentes.