Este é um tema quente, que alimenta discussões acesas e sobre o qual faz sentido debruçarmo-nos um pouco. Primeiro, importa definir o que quer dizer a palavra “manha”. E, no dicionário, encontramos estas definições:
- Artes de conseguir o que se deseja, sem trabalho, ou enganando.
Neste caso, é fácil perceber que é errado dizer que os bebés são manhosos. Isto, porque eles não enganam ninguém quando querem algo. Aliás, são até muito honestos e persistentes e manifestam de forma clara a sua vontade: se estão desconfortáveis ou pretendem algo deixam transparecer o seu desagrado; se estão bem, estão tranquilos. Simples…
- Finura, astúcia.
Se atendermos a esta definição, o cenário já é um pouco diferente. Isto, porque a “manha” pode ter este caráter de astúcia, que acaba por ser interessante, ou seja, mais uma qualidade do que um defeito. E, assim, já não me choca dizer que há bebés “manhosos”, porque isso quer dizer que eles são inteligentes e astutos. E ainda bem que é assim…
Posto isto, importa também esclarecer que os bebés pretendem, acima de tudo, ir ao encontro das suas necessidades básicas: comer, conforto, contacto físico (muito colo, tão importante!) e segurança e, como tal, é normal que defendam essas necessidades de forma significativa.
Desta forma, diria que, mais importante do que o rótulo, devemos estar atentos à intenção que se dá à palavra “manha”. Se com ela se quiser qualificar alguém de aldrabão ou enganador, é ERRADO dizer que os bebés são manhosos.
Mas, pelo contrário, se se quiser elogiar a capacidade de persuasão, numa perspetiva de ser inteligente e saber atingir os seus objetivos, pode-se dizer que há bebés manhosos, felizmente. É uma prova de inteligência e, sem nenhum caráter pejorativo, significa que utilizam as suas estratégias para alcançar os seus objetivos. E isso é uma qualidade muito importante para o resto da vida.