A asma é uma doença pulmonar que se caracteriza por uma inflamação dos brônquios, o que provoca dificuldade na passagem do ar. A forma clássica de apresentação é através de episódios repetidos de falta de ar, pieira (“chiadeira”) e tosse (as chamadas crises).
O diagnóstico é clínico, ou seja, não há nenhum exame que nos diga efectivamente se uma criança é asmática ou não. De qualquer forma, há uma série de avaliações que se podem fazer e que têm bastante utilidade. O primeiro passo é fazer uma correta análise das queixas da criança e, em seguida, fazer a sua observação detalhada (particularmente a auscultação pulmonar). Se for tudo consistente com uma crise de asma, este diagnóstico torna-se mais provável, mas só pode ser estabelecido em definitivo se a criança repetir esse episódio (são necessárias 2 ou mais crises). Depois de diagnosticado o problema, deve tentar-se perceber qual a causa e aí é importante fazer os chamados testes de alergia (análises ao sangue ou teste cutâneos). Se se identificar uma alergia específica, pode-se tratar o problema de forma muito mais eficaz, tentando evitar o contacto da criança com o que lhe faz mal. No entanto, é importante não esquecer que há muitas outras causas que podem desencadear as crises, nomeadamente infeções víricas, quantidade de humidade no ar e exercício físico. Outra das avaliações que se deve fazer é estabelecer a gravidade do quadro. Isto é realizado com o auxílio de um registo das crises da criança (diurnas e noturnas) e o recurso aos chamados “testes de função respiratória”, que avaliam como é que o ar entra e sai dos pulmões. Isto é fundamental para se poder ajustar a medicação de forma eficaz, pois o objetivo é conseguir que as crianças tenham uma vida normal, sem restrições e sem crises.
O tratamento engloba dois grandes grupos de medicação:
· para usar na crise, em SOS
· para prevenir novas crises.
O primeiro diz respeito aos medicamentos que visam aliviar o desconforto de forma imediata e que devem ser usados sempre que a criança tem sintomas (são as conhecidas “bombas”). O segundo compreende uma série de anti-inflamatórios (corticóides ou outros), que tentam diminuir a inflamação existente nos brônquios e, assim, fazer com que a probabilidade de surgir uma crise seja mais baixa. O ajuste da medicação é contínuo e, obviamente, vai variando com o crescimento e desenvolvimento da criança.
Muitas situações de asma têm tendência a melhorar com o tempo e até a desaparecer completamente. Contudo, infelizmente não há forma nenhuma de prever se o quadro se vai manter ou não, a não ser esperar. É importante também realçar que nem sempre as crises de asma se manifestam da forma “clássica”. Assim, há os chamados “equivalentes” de asma, que são situações em que as crianças não apresentam os sintomas habituais, mas apresentam, por exemplo, crises frequentes de tosse. Nesses casos é muito mais difícil fazer um diagnóstico correto e torna-se fundamental tentar perceber se os sintomas só surgem quando a criança está constipada (e nesses casos será normal) ou se surgem mesmo quando ela está bem ou quando faz exercício, por exemplo. Neste último caso, faz mais sentido pensar que possa ser uma asma, mas esse diagnóstico exige sempre uma avaliação médica cuidada.