Quem me conhece (seja por intermédio dos meus livros, da minha página ou das minhas consultas worshops) sabe que dou verdadeira importância ao sono. Acredito que devemos ensinar os nossos filhos a dormir para bem da sua (e nossa) saúde, para o seu desenvolvimento e para a harmonia de toda a família.
Mas ensinar a dormir é algo muito polémico e controverso.
Uma das palavras que é com frequência atirada para o meio das discussões é Apego (ou Vínculo). Diz-se em voz alta que ensinar a dormir danifica o vínculo entre mãe e filho e que o pode fazer de uma forma irremediável. Este é um conceito que, no meu ponto de vista, é usado de forma propositadamente preconceituosa por quem acredita que ensinar a dormir é coisa do demónio.
O Apego ou Vínculo descreve a relação profunda que um bebé desenvolve com o seu pai e mãe no primeiro ano de vida. Um bebé que é seguro e bem vinculado está confiante de que a sua mãe está sempre presente (no sentido emocional) pois ela foi-lhe demostrando repetidamente, ao longo do tempo, que ele pode contar com ela. Um bebé que não é bem vinculado não tem esse mesmo sentido de segurança pois a mãe tem tido respostas imprevisíveis (ou até abusivas) aos seus pedidos ao longo do tempo.
As crianças que crescem com vínculos fortes desenvolvem relações mais duradouras ao longo da vida, são mais confiantes, cooperantes e emocionalmente mais carinhosas e estáveis. Sim, porque o Apego e o Vínculo são poderosos e importantes.
Mas o Vínculo não advém de uma fórmula que os pais têm de seguir se querem ter filhos felizes, apegados e seguros. E quem defende que ensinar a dormir é algo terrível costuma advogar que o apego só chega das mães que amamentam, praticam o co-sleeping e carregam os seus filhos em slings ou nos braços todo o dia. Amamentar é maravilhoso para quem o faz com tranquilidade e coração. Dormir com os filhos pode também ser fantástico para as famílias que assim o desejam e escolhem. Tal como ter os nossos filhos nos braços é mesmo o melhor do mundo. Não me parece que haja qualquer dúvida em relação a isso.
Mas o Apego e o Vínculo vão muito além e é muito redutor considerar que quem não cumpre estes “requisitos” não consegue criar com Apego. Até porque há quem amamente e durma junto dos filhos mas depois não lhes ofereça segurança, tranquilidade, amor e confiança seja porque estão desconectados dos filhos seja porque estão tão cansados que não conseguem dar mais de si.
Da mesma forma que há quem opte por cesarianas, ofereça leite adaptado desde o primeiro dia de vida e coloque os filhos a dormir no seu quarto e sejam mães e pais que vivem numa sintonia perfeita com os pequeninos e tenham por eles um Amor incondicional. Conheço tantas mães que ensinaram os filhos a dormir recorrendo a diferentes métodos e são mães plenas e têm filhos que crescem sendo amados, estando seguros e sabendo que têm sempre o seu amparo!
Os vários estudos que saem de Academias de Pediatria internacionais e de Institutos de Desenvolvimento Infantil são peremptórios… ensinar a dormir não afecta a forma como os nossos filhos se desenvolvem emocionalmente. Pelo contrário. Pode ser altamente benéfico.
A relação entre mãe, pai e filhos não é apenas uma relação de “sacrifício”, de peso, de ter de “aguentar”. É uma relação de um enorme – o maior! – benefício. E estando descansados, sendo inteiros (e não partes de nós que vamos deixando cair pelo cansaço extremo), vivendo a relação entre pai e mãe de forma profunda… em suma, estando descansados e felizes, seremos melhores pais. E sendo os melhores pais que podemos ser os nossos filhos vão crescer com apego, vínculo, atenção, paciência, segurança e amor.