O umbigo reveste-se de um enorme simbolismo. Foi através dele que as nossas mães nos alimentaram, durante a gravidez. É, por isso, um símbolo da fertilidade humana e também da beleza, principalmente feminina. Sendo assim, é natural que, quando a criança nasce com uma bolinha no local do umbigo, os pais fiquem preocupados. Esta bolinha que geralmente aumenta e diminui, conforme a criança chora e contrai a barriga ou a relaxa, resulta de uma hérnia umbilical.
A hérnia do umbigo é a forma mais ligeira de um espectro de defeitos do encerramento da parede abdominal. No desenvolvimento fetal, existe uma fase em que a barriga não está completamente formada e o intestino flutua pelo líquido amniótico. Apenas pelas 10-12 semanas de gestação, ele entra na cavidade abdominal e esta encerra, deixando a cicatriz natural que tanto prezamos: o umbigo.
Nas crianças com hérnia umbilical sente-se um ‘buraquinho’ por baixo da pele do umbigo. É o tal defeito do encerramento dos músculos e aponevroses que constituem a parede abdominal. Quando uma porção de intestino entra por este buraco, o umbigo aumenta de tamanho e pode emitir sons característicos do conteúdo intestinal (também chamados ‘gorgulejos’). Apesar de ser raro na criança, o intestino pode ficar preso neste buraco (encarceramento), causando dor violenta, vómitos e inflamação do umbigo. O encarceramento é uma emergência cirúrgica e requer observação médica imediata. Felizmente, a maioria das hérnias umbilicais diminuem de tamanho e podem até desaparecer (isto é, encerrar completamente) até aos 3-4 anos de idade. Se isso não acontecer, terão que ser corrigidas cirurgicamente, através de um procedimento chamado herniorrafia.
A herniorrafia umbilical consiste no encerramento do defeito do umbigo, sob anestesia geral. É um procedimento que pode ser feito em regime de ambulatório, isto é, com saída no mesmo dia da cirurgia. Tem um pos-operatório fácil. Com a medicação analgésica adequada (paracetamol e ibuprofeno), no dia seguinte, a criança já brinca como nada fosse.