1 – nunca fui adepto de deixar bebés a chorar sem motivo como forma de educação e não o recomendo nas minhas consultas (chorar é a forma natural de manifestar desagrado e não pode ser sinónimo de punição para os bebés)
2 – todos os bebês pequenos precisam de contacto físico e carinho por parte dos pais
3 – o sono é uma parte fundamental do dia-a-dia das famílias (não escrevi dos bebês propositadamente), pelo que se deve tentar encontrar soluções que permitam que os bebês consigam responder às suas necessidades biológicas e os pais consigam estar disponíveis para ser os melhores pais “do mundo” (porque já têm “os melhores filhos do mundo”)
4 – esta é uma área extremamente complexa e sobre a qual já escrevi 2-3 textos, com informações que acabam por complementar este post
5 – só se pode corrigir os acordares nocturnos se as crianças tiverem uma boa rotina de adormecer, pelo que não vale a pena avançar sem corrigir este aspecto
6 – os fundamentalismos são maus em todas as direcções, porque acredito que é mais ou menos “no meio que está a virtude” (não sou, de todo, um adepto do chamado método Estivil)
7 – as ideias transmitidas neste texto são bastante gerais, porque todos os bebês têm particularidades e é importante levá-las sempre em conta
8 – todas as recomendações escritas neste texto e nos outros do blogue são da minha responsabilidade, fruto de bastante pesquisa e dedicação à saúde das crianças, mesmo que haja quem possa por (erradamente) isso em causa
Depois de esclarecidos estes pontos, vou tentar reforçar alguns conceitos importantes…
Ter um bebé que acorda várias vezes durante a noite é algo que perturba bastante o dia-a-dia dos pais e é um problema recorrente nas consultas. Foi por esse motivo que decidi escrever este post, para tentar dar alguns conselhos que podem servir de orientação.
O primeiro aspecto é que o sono dos bebês se começa a estruturar a partir dos 4 meses, em média. É por volta desta fase que eles começam a necessitar de forma mais significativa das suas rotinas do adormecer e é também nesta idade que muitos passam a dormir “pior”, com múltiplos acordares durante a noite. É por estes aspectos que se torna fundamental tentar transmitir a ideia aos bebês desta idade que o adormecer é algo natural e que faz parte do quotidiano deles e eles precisam de se sentir seguros em relação a isso. Como são pequenos, a maior parte vai necessitar, muito provavelmente, da presenca física dos pais quando vai dormir e aqui está o primeiro trabalho a fazer: passar a mensagem de que os pais estão lá para os acalmar e confortar, mas não para os adormecer (todos os bebês com 4 meses precisam de contacto físico, é uma necessidade básica que têm). É por isso que se deve trabalhar progressivamente a autonomia deles, tentando que adormeçam sem nenhum tipo de “muleta”, tal como o leite ou o colo dos pais, por exemplo. Claro que isto se deve ir trabalhando progressivamente, para se mudar aos bocadinhos, mas a ideia é que os pais devem estar lá para lhes dar segurança e podem inclusivamente pegar neles ao colo, mas apenas para acalmar e não para adormecer. Esse é um aspecto muito importante, porque se esta mensagem passar desta forma, vamos conseguir que os bebês se tornem autônomos no acto de dormir, o que vai servir para o início da noite, mas também para os acordares a meio da noite e para as sestas durante o dia.
Depois desta rotina estar bem estabelecida, o que se deve fazer quando eles acordam durante a noite e tentar não responder imediatamente, fazendo um pequeno “compasso de espera” para ver se voltam a adormecer por si. Não defendo nem nunca defendi que se deve deixar os bebês chorar só porque sim, pelo que para esta espera bastam no máximo 1-2 minutos, porque se não resolver ao fim desse tempo dificilmente o bebê vai voltar a adormecer sozinho e aí vai precisar, muito provavelmente, mesmo dos pais.
Claro que há alguns meninos maiores (com mais de 2-3 anos), que felizmente são uma minoria, mas que têm um sono mais difícil porque já levam dois anos de “atraso”, uma vez que nada disto foi feito anteriormente. Esses casos são bem mais difíceis de gerir, pelo que aí temos que pensar de forma um pouco diferente.
Geralmente essas crianças, quando acordam, acabam por ser recompensadas das mais diferentes maneiras: presença dos pais, colo, leite, cama dos pais, …
Volto a reforçar a ideia que estes conselhos são só para crianças com mais de 2-3 anos e só se devem aplicar se o sono for um problema real para a família. Se a criança acorda e isso não for perturbador não me parece, de todo, a melhor prática a adoptar, pois vai implicar algumas noites difíceis para toda a gente.