Claro que sim, mas isso não implica que afastemos as nossas crianças destes “cenários” até essa idade e é mesmo sobre isso que decidi escrever hoje.
No próximo domingo (dia 4/10) vão decorrer as eleições legislativas em Portugal e, pelas sondagens (que têm um valor duvidoso, em grande parte das vezes), a abstenção pode atingir o maior valor de sempre. Isto parece-me muito preocupante, uma vez que nós já costumamos ter valores de abstenção muito próximos dos 50% e isso significa que metade da população não vai votar. Do ponto de vista pedagógico, o que estamos nós a ensinar aos nossos filhos?
Eu não tenho nenhum tipo de ligação ou preferência partidárias, pelo que me é relativamente fácil aconselhar as pessoas a votar. Para mim, qualquer voto é válido, desde que as pessoas vão mostrar a sua intenção e as suas ideias do que preferem para o país. E é mesmo aqui que eu acho que nós devemos incluir as crianças.
Na minha opinião (que pode ser discutível), o momento das eleições deve ser um momento de passeio em família, pois é a altura em que os pais vão poder escolher quem querem que “mande” em Portugal e os filhos devem claramente perceber isso. Devem, por isso, ir com os pais ver como se faz, para perceber que as eleições são um dever cívico e entenderem, desde que são pequenos, que esse é um acto nobre e importante, não algo que se vai fazer “só porque sim”. Não me parece que a infância seja a altura para tentar “impingir” nenhum tipo de ideologia partidária (tal como se faz com o futebol, por exemplo), mas isso não implica que as crianças fiquem alheadas do momento eleitoral.
Sei que o desencanto político é grande, mas a melhor forma de o contrariar não é ficando em casa, mas sim votando. A abstenção não serve para nada, mas os votos brancos ou nulos mostram desagrado e (mais uma vez, na minha opinião), devem ser a opção para quem não concorda com nenhum dos candidatos (se calhar são preferíveis os votos nulos aos votos brancos, mas isso seria já outra história…).
Assim, o meu conselho é que deve ir votar e levar o seu filho consigo, aproveitando para ser um momento em família e não um acto isolado. Se as crianças perceberem desde cedo a importância das eleições, talvez num futuro a curto/médio prazo possamos ter níveis de abstenção muito mais baixos, o que seria muito, muito bom…
Nota: Para não haver nenhum tipo de interpretação “distorcida” deste texto, volto a afirmar que não tenho mesmo nenhum tipo de ligação partidária, seja a quem for. O meu conselho é só um: vote em quem achar melhor ou então vote nulo, mas leve os seus filhos consigo, explicando-lhes o que vai fazer e a importância da cruz que vai desenhar. Isso é pedágogico e, no meu entender, faz parte da educação cívica de qualquer criança.