Nas últimas semanas tem-se discutido muito uma alegada vacina nova contra a meningite, particularmente contra o Meningococo da estirpe A, C, W e Y. Na verdade, não se trata realmente de uma vacina nova, uma vez que já existe há alguns anos no mercado. No entanto, a sua indicação na Europa mudou recentemente, fruto da variação que tem ocorrido neste tipo de infecções. Por esse motivo, vale a pena conhecer um pouco melhor do que se está a falar.
O que é o Meningococo?
O Meningococo é uma bactéria que só afecta o ser humano. Existem diversos tipos conhecidos, mas só seis provocam doença, os tipos A, B, C, W, X e Y.
Trata-se de um microrganismo altamente agressivo, que pode provocar doenças extremamente graves, tais como meningites, sépsis (infecções generalizadas), pneumonias ou outras. Transmite-se através dos adolescentes e adultos jovens, que o podem transportar na sua garganta durante dias ou semanas, passando-o para as outras pessoas através de goticulas respiratórias.
Meningococo A
De momento não é um verdadeiro problema em Portugal. Existe principalmente em países em vias de desenvolvimento, particularmente em África.
Meningococo C
Até há poucos anos atrás era o Meningococo mais frequente em Portugal. No entanto, a sua frequência diminuiu significativamente desde a introdução da vacina no Programa Nacional de Vacinação, que é administrada aos 12 meses de idade. Actualmente, os casos de infecção provocada por esta estirpe são apenas residuais no nosso país, mas é fundamental manter a cobertura vacinal para que se mantenha assim.
Meningococo Y
Em Portugal, é o segundo Meningococo mais frequente, atrás do B. Em média, temos tido cerca de 5-7 casos por ano, de forma mais ou menos estável. No entanto, esta estirpe tem aumentado em quase todos os países europeus, sendo que em Espanha já duplicaram os casos nos últimos dois anos. Tem uma mortalidade em torno dos 7% é uma probabilidade de deixar sequelas de cerca de 20%. Devido à tendência crescente na Europa, é uma estirpe que implica um cuidado particular.
Meningococo W
Em relação a estas 4 estirpes é, sem dúvida, a que mais preocupa de momento. Isto, porque surgiu uma forma altamente agressiva desta bactéria, que tem aumentado em todos os países Europeus, incluindo Portugal. Está agressividade traduz-se numa mortalidade extremamente elevada (em torno dos 30%), associada ainda a uma probabilidade de deixar sequelas de cerca de 20%. Em Portugal o Meningococo W era responsável apenas por 1-2 casos por ano, mas em 2018 esse número aumentou para 5 e, até ao fim de Outubro de 2019, foram notificados já 8 casos. Está tendência está de acordo com o que se verifica nos outros países europeus e, associada à sua gravidade, coloca uma preocupação acrescida.
Em jeito de conclusão, torna-se fundamental reforçar a indicação da Sociedade Portuguesa de Pediatria, que recomenda a vacinação de todas as crianças e adolescentes contra estas 4 estirpes de Meningococo, sempre que possível.