Sabia que a glândula tiróide nasce na base da língua?
Pois, é verdade. É durante as primeiras semanas da vida fetal que ela vai descendo até à sua posição final, que é logo abaixo da cartilagem cricóide (a maçã de Adão). Por vezes, o trajeto por onde ela desce não fecha completamente, o que justifica o aparecimento de um quisto entre a cartilagem cricóide e o soalho da boca. Este quisto é notado pelos pais como um ‘caroço no pescoço’. O seu nome técnico é quisto do canal tireoglosso.
Esta comunicação com a base da língua, faz com que estes quistos possam infectar, aumentando o seu tamanho, ficando ruborizado e podendo até drenar, isto é, deitar pús, através da pele. Não é uma imagem bonita. A solução é cirúrgica e o resultado final quase imperceptível. O cirurgião pediátrico deverá fazer uma incisão sobre uma das pregas do pescoço, de modo a cicatriz ficar sem tensão e invisível a quem olhe de frente para a criança. Depois, deve proceder à retirada do quisto e do trajecto até ao soalho da língua, incluindo o corpo do osso hióide. Há uns anos, o nosso grupo publicou um artigo científico que provava que esta cirurgia pode ser feita de forma segura em regime de ambulatório, isto é, com alta no próprio dia da cirurgia.
Os diagnósticos diferenciais dos ‘caroços no pescoço’ são muitos. Se for mediano, isto é, na linha que separa o pescoço em duas partes iguais (direita e esquerda), peça à criança para deitar a língua de fora. O ‘caroço’ subiu? Então o mais provável é ser um quisto tireoglosso. O ‘caroço’ não subiu? Então o mais provável é ser um quisto dermóide, um tumor beingno constituído por inclusões de células da pele. A sua excisão é mais simples, porque este quisto é bastante superficial.