Ontem tivemos o anúncio oficial dos primeiros casos de coronavírus (COVID-19) em Portugal. Seguramente os próximos dias trarão muitos mais, mas há algo que nos tem que dar uma tranquilidade um pouco maior: a experiência que já vai existindo em relação ao que se passou e passa noutros países que foram afectados primeiro do que nós permite-nos tirar algumas conclusões e ajustar procedimentos.
E um dos aspectos que merece alguma reflexão é sobre o comportamento deste vírus em crianças.
Inicialmente pensou-se que as crianças apresentavam uma taxa de infecção inferior em relação a outras faixas etárias, mas actualmente pensa-se que isso não é bem assim. Efectivamente elas também são afectadas, mas apresentam simultaneamente menos sintomas e sintomas mais ligeiros, ou seja, doença menos grave do que os adultos.
São várias as teorias que tentam explicar este fenómeno, mas há, pelo menos, dois factores que podem justificar esta constatação:
- As crianças têm menos doenças crónicas – É verdade que, de um modo geral, as crianças são mais saudáveis do que os adultos, o que diminui significativamente o risco de complicações.
- O sistema imunitário das crianças é mais “competente” contra este vírus – Todos nós temos dois grandes sistemas de defesa no nosso organismo: o sistema inato, que nasce connosco e que responde de forma inespecífica a todo o tipo de microrganismos e o sistema adquirido, mais específico e eficaz, que se desenvolve com o crescimento, com as vacinas e o contacto com as diferentes infecções. Como o coronavírus é novo para o ser humano, o sistema mais importante é o inato, que está muito mais activo nas crianças do que nos adultos e isso parece justificar o facto delas apresentarem uma forma de combater este vírus muito mas capaz e, consequentemente, terem doença mais ligeira.
Assim, à luz do que sabemos hoje, podemos afirmar que as crianças estão naturalmente mais “protegidas” contra este vírus, o que é uma excelente notícia para todos os pais. De qualquer forma, é sempre fundamental manter uma boa vigilância e, acima de tudo, seguir as recomendações de prevenção da infecção descritas no artigo publicado ontem (CLIQUE AQUI).