Mitos que estão associados ao transporte de crianças contra o sentido da marcha.
Sabemos já que quem escolhe o sistema de retenção infantil em que a criança irá circular são os pais – regra geral.
Ora, serão também eles o maior entrave a que inúmeras vezes as crianças circulem a favor da marcha precocemente? (antes mesmo dos 4 anos).
A resposta é um redondo SIM!
Senão vejamos; as principais razões por estes enunciados:
– Não vejo já nenhum dos coleguinhas do meu filho em contra-marcha… coitadinho!
Este argumento será válido até ao momento em que os pais tomem consciência dos benefícios (vamos focar-nos no positivo!) de transportarem os seus filhos contra a marcha. Creio que esclarecer que esta é a melhor forma de salvar a vida é um bom argumento.
– “Já bate com as pernas no banco…”
Certo, e qual é o problema? Se o virar para a frente irá ficar com as pernas dependuradas.
Bem desconfortável não?
– “ Se houver um acidente pode partir as pernas”
De facto, quando visualizamos um crash teste, o que vemos são as pernas das crianças no ar, a dobrar e a regressar à posição inicial – quando contra a marcha; e a serem impulsionadas para a frente – sem percebermos muito bem o que lhes acontece – quando virados para a frente.
O que de facto não vemos, e nos ilude, é o banco da frente e o violento embate a que as pernas estão normalmente sujeitas quando a criança circula a favor da marcha. Este embate é normalmente mais lesivo para as pernas do que um sinistro equivalente estando a criança a circular contra a marcha.
Além disso, ante a opção que fosse entre partir pernas ou poder partir o pescoço creio que a opção é fácil…
– Tenho medo que enjoe?
Mas por acaso enjoa andar de carrossel? E de baloiço? Há efectivamente uma excepção clinica denominada cinetose que se caracteriza por enjoos em qualquer cenário que implique movimento, e não apenas no automóvel.
Deixando essa excepção de parte, e aqui ainda assim o voltar a favor da marcha não fará qualquer diferença, sabemos que até aos 12 anos (sensivelmente) o sistema vestibular da criança não está desenvolvido, pelo que, incapaz de distinguir se circula a favor ou contra a marcha.
– Mas viajando contra a marcha não vê nada!
Têm a certeza? Relativamente à visibilidade lateral ela é equivalente, independentemente do sentido em que viaja, já a visão frontal, caso circulo a favor da marcha, é totalmente obstruída pelo cabeçal do banco da frente, sendo frequente que o campo de visão pelo óculo traseiro seja bem mais amplo até, do que na primeira situação.
– Mas viajando contra a marcha eu não o vejo.
Se considera importante manter o bebé/criança no seu campo de visão, a opção de transportar contra a marcha recorrendo a um espelho de triangulação, não só lhe permite ver sempre a criança e assim manter a interacção com ela, como se revela bem mais seguro em termos de condução do que circular com o bebé virado para a frente e a todo o instante estar a virar-se para trás para com ele comunicar.
– Mas ele já não quer ir virado para trás!
Mas permite que ele tome uma decisão que pode colocar a sua vida em perigo? Não me parece que se a criança quiser colocar os dedos na tomada o vá permitir… é uma questão realmente de tomada de consciência… sempre que colocarmos o nosso filho no automóvel há que ter consciência que há hipótese de sinistro, que a estrada não depende só de nós, que um automóvel pesa à volta de duas toneladas e que o sinistro não tem na equação “ era já ali” ou “ só ando 3 km’s”.
– Mas contra o sentido da marcha não me cabe a cadeira no automóvel!
Há realmente automóveis em que a escolha da cadeira fica mais condicionada ao que possa caber, mais do que a gosto.
O que poucos sabem é que mesmo quando circula a favor da marcha há uma distancia mínima de segurança a respeitar entre a ponta do nariz da criança e o banco da frente ( 55 cm’s), para assegurar que em caso de sinistro a criança embata no banco de frente.
E agora? Ainda ficam muitas questões por esclarecer?
Não hesites em colocar as questões que inquietam.
O melhor seguro de vida de uma criança são pais informados!
Se te puder ajudar, dispões!