Comum na idade das primeiras grandes paixões e dilemas de vida, a acne pode transformar-se num verdadeiro desafio para os adolescentes. Numa fase em que a autoestima se constrói e a sensibilidade se encontra à flor da pele, é importante que os reflexos que se veem no espelho transmitam o melhor de cada um. Contudo, este é também o período em que a acne ataca, muito devido à produção hormonal, que parece tornar impossível o cenário anterior.
Quer seja adolescente ou pai/mãe de um, este é um artigo que vai querer ter nos seus favoritos para ler e reler, com os principais pontos a reter sobre a acne, o seu aparecimento, tratamento e, sobretudo, prevenção de manchas para o futuro.
Porque é que a acne é tão comum na adolescência?
As alterações hormonais que decorrem durante esta fase são as principais responsáveis por uma grande associação da acne aos adolescentes. Na verdade, as flutuações de estrogénio e de progesterona, no caso das mulheres, ou mesmo do cortisol (hormona do stress), em geral, provocam um aumento da secreção sebácea que está na origem de mais prurido e reações cutâneas.
A predisposição genética também é um fator de relevo no surgimento da acne, por vezes logo a partir dos 7/8 anos, quando as hormonas estimulam as glândulas sebáceas e os queratinócitos (células produtoras de queratina). Ora é precisamente quando existe uma produção excessiva de sebo e de queratina que se verifica uma obstrução da glândula e, consequentemente, a formação de pontos negros e de borbulhas.
Como tratar a acne?
O tratamento da acne está extremamente dependente do grau em que a mesma se encontra. Como tal, e sobretudo em situações mais avançadas (com uma maior ocupação da superfície da pele, inflamação visível e acne persistente), é fundamental que se procure um médico especialista em Dermatologia.
De acordo com o Dr. Alexandre Catarino, dermatologista, “no tratamento da acne é necessário ter em conta o tipo de lesões presentes, a sua severidade, a idade e outras condições que a possam estar a agravar ou que limitem as possibilidades terapêuticas. Os cuidados gerais com produtos de dermocosmética são muito importantes: utilizar gel de limpeza adequado, cremes que ajudem a controlar a oleosidade (matificantes ou seborreguladores), que estimulem a eliminação da queratina que se acumula nos folículos pilosos e/ou que tenham propriedades anti-inflamatórias. A proteção solar é também importante para evitar as hiperpigmentações (manchas) pós inflamatórias.”
Além dos cuidados de dermocosmética, existem alguns outros passos a seguir, quer a acne esteja agora a começar, quer pretenda apoiar os tratamentos que está a realizar (com o conhecimento do médico):
- Comprometer-se com uma alimentação saudável, com menos açúcar e menos alimentos processados sempre que possível;
- Evitar substâncias que possam irritar a pele (desde produtos de maquilhagem a que a pele não está a reagir bem, a tecidos específicos que provoquem irritação – exemplo: golas altas no inverno com malhas mais agressivas);
- Controlar a exposição solar – com o intuito de evitar as manchas e também porque, no caso de se realizar algum tratamento, por norma este último já irá tornar a pele mais sensível ao sol e, por isso, menos protegida.
E quando os cuidados de dermocosmética não são suficientes? O Dr. Alexandre Catarino explica:
“Quando as medidas gerais não são suficientes, o dermatologista irá ajustar os dermocosméticos ou recorrer à prescrição de medicamentos que se vão adequar ao tipo predominante de lesões: pontos negros ou brancos (comedões), “borbulhas” (pápulo-pústulas) ou nódulo-quísticos. O tratamento vai ser dirigido à hiperproliferação e retenção das células da epiderme que obstruem os folículos pilosos, ao excesso de produção de sebo, à presença e actividade da bactéria Cutibaterium acnes e à inflamação.
Os medicamentos incluem retinóides tópicos ou orais, antibióticos tópicos ou orais com propriedades anti-inflamatórias, e outros medicamentos com propriedades anti-microbianas, anti-inflamatórias ou reguladores da queratinização. A pílula anticontraceptiva pode também ser útil, sobretudo nos casos em que há agravamento pré-menstrual. Outro tipo de tratamento fica reservado para casos mais específicos.
De forma geral, no tratamento da acne não se procura uma cura rápida, mas sim o controlar da atividade da doença. Pretende-se, entre outros motivos, que a doença não afete a auto-estima dos adolescentes nem que deixe cicatrizes e marcas que serão muito mais difíceis de tratar.”
Dúvidas? Deixe-nos a sua!
Este artigo contou com a colaboração do médico dermatologista Dr. Alexandre Catarino.