Com certeza já ouviu falar em células estaminais do cordão umbilical. Descobertas em 1974, começaram a ser usadas em transplantes há mais de 30 anos. Desde então, o sangue do cordão umbilical estabeleceu-se como alternativa à medula óssea para o tratamento de mais de 80 doenças, como leucemias, linfomas, alguns tipos de anemias e doenças metabólicas, ente outras. A nível mundial, foram já realizados mais de 45 mil transplantes com células estaminais do sangue do cordão umbilical.
O primeiro banco de células estaminais do cordão umbilical surgiu em Portugal pela iniciativa de bioquímicos e profissionais ligados à área da saúde – fundadores da Crioestaminal – que reconheceram as potencialidades destas células, diariamente descartadas nas maternidades portuguesas. Foi assim que, em 2003, nasceu a Crioestaminal, com o objetivo de permitir aos portugueses guardar as células estaminais do cordão umbilical dos seus filhos, acompanhando o desenvolvimento deste campo da medicina. A Crioestaminal, pioneira e líder em células estaminais, a operar em Portugal há 18 anos, oferece a oportunidade, aos futuros pais, de guardar as células estaminais do sangue e do tecido do cordão umbilical dos seus filhos, durante 25 anos, para que estejam disponíveis para um eventual tratamento. Para além da qualidade reconhecida, a Crioestaminal é também o banco de células estaminais com mais experiência em Portugal, tendo já contribuído para o tratamento de treze crianças, 10 das quais portuguesas.
Tendo em conta o papel do sangue do cordão umbilical como fonte alternativa de células estaminais para transplante, existe também, em Portugal, um banco público de células do cordão umbilical, atualmente sob a tutela do Instituto Português do Sangue e da Transplantação. O âmbito do banco público é o armazenamento de um conjunto limitado de unidades de sangue do cordão umbilical, para que estejam disponíveis para qualquer doente que delas necessite. Neste processo, não são guardadas todas as unidades doadas, sendo armazenadas apenas as que apresentem maior probabilidade de utilização. Após caracterização, as unidades que cumpram todos os requisitos necessários são inscritas na base de dados do Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão (CEDACE), que gere todos os pedidos de dadores vindos dos centros de transplantação e serviços de hematologia nacionais, e que também está ligada a bases de dados internacionais. No contexto do banco público de células do cordão umbilical, as dádivas são totalmente anónimas, podendo uma unidade de sangue do cordão umbilical ser disponibilizada para o tratamento de qualquer cidadão nacional ou estrangeiro que dela necessite. As doações podem ser feitas, atualmente, em quatro hospitais a nível nacional: três na região do Porto e um na Amadora.
A atividade dos bancos públicos e familiares serve objetivos distintos, podendo considerar-se complementar. Enquanto o banco público armazena um conjunto de unidades de sangue do cordão, disponíveis a todos os cidadãos, a opção pelo armazenamento familiar tem a vantagem de permitir guardar as células estaminais dos filhos para utilização exclusiva da família. Uma vez que o uso de células do próprio é demonstradamente mais segura, e o transplante com células de um familiar compatível tem sido associado a resultados mais favoráveis, comparativamente à utilização de células de um dador não relacionado, justifica-se a crescente escolha pelo armazenamento familiar, por parte dos futuros pais.
Paralelamente ao armazenamento de células estaminais para uso familiar, a Crioestaminal oferece ainda a possibilidade de armazenamento das células estaminais do cordão umbilical para projetos de investigação, outra das grandes apostas da organização. Desta forma, é possível também doar as células estaminais do cordão umbilical à Crioestaminal, impedindo que sejam desperdiçadas. Para além das aplicações terapêuticas já estabelecidas, a investigação nesta área poderá contribuir para aumentar o leque de aplicações clínicas das células estaminais do cordão umbilical, estando atualmente a decorrer ensaios clínicos no âmbito de várias doenças, como a paralisia cerebral, o autismo, a perda auditiva e as lesões da espinal medula.
Desde 2003 – ano de fundação da Crioestaminal – milhares de pais, em Portugal, têm optado por guardar as células estaminais do cordão umbilical, numa aposta clara no potencial destas células, bem como da evolução da ciência e da medicina.
(Referência:
http://ipst.pt/index.php/pt/bpccu-faq, acedido em 13 de outubro de 2021.)