Segundo dados internacionais, em Portugal mais de metade da população usa regularmente as redes sociais e a tendência tem sido (bastante) crescente nos últimos anos. Como é lógico, com um uso tão disseminado as pessoas conseguem tirar cada vez mais partido de todos os seus benefícios, mas , infelizmente, há quem faça exatamente o contrário. E é precisamente sobre isso que gostava de falar nesta minha segunda crónica… Sei que é um tema polémico e muito “quente”, mas também acho que não podemos fugir a ele.
Em primeiro lugar, gostaria de reforçar a ideia de que acredito genuinamente que a maior parte das pessoas que utiliza as redes sociais fá-lo de forma adequada, portanto este texto não é para eles.
Em segundo, não pretendo frisar nenhuma situação em particular, apenas chamar a atenção para os maus princípios e valores com que me vou deparando (também eu) na utilização pessoal das minhas redes.
Este assunto foi já abordado (e muito bem, no meu ponto de vista!) pela Cristina Ferreira no seu livro mais recente e, apesar de não ser, de todo, um fenómeno novo, é algo que tem aumentado de intensidade e frequência à medida que aumenta também o uso maciço das redes sociais. A verdade é que neste mundo tão plural da internet, há algumas pessoas que decidem não respeitar a privacidade e as ideias dos outros, tentando transformar os “quintais” dos outros nos seus próprios “quintais”. E isso é profundamente errado! Passo a explicar porquê…
Se eu escrevo um texto nas minhas redes sobre um assunto em que dou a minha opinião, a verdade é que eu tenho todo o direito de o fazer, desde que mão seja mal educado nem ofenda ninguém. E, mesmo que quem leia não concorde com o conteúdo, isso não belisca a minha legitimidade, porque aquele espaço é MEU, mesmo que seja público. E, sendo meu, posso publicar lá tudo o que eu quiser… No entanto, também sei que não sou dono da verdade absoluta (nem eu, nem ninguém!) e que haverá sempre quem discorde do meu ponto de vista. E está tudo bem, não vejo nisso um problema. Para mim a solução é fácil, quem não gosta, não lê! Ou então partilha a sua opinião de forma educada e construtiva.
O problema é que há um conjunto de “justiceiros do Facebook e Instagram” que decidem vestir a capa do ódio e invadir as redes dos outros só para mostrar que existem. E, mais uma vez, isso é profundamente errado! O direito de expressão diz-nos que as opiniões são livres, mas não diz que a falta de educação e as agressões são permitidas! E, muitas vezes, o problema é que esses “super-heróis das causas erradas” decidem comentar tudo sem ler, ou seja, falam literalmente do que não sabem, só para ter os seus 5 minutos de fama ou para tentar alimentar o próprio ego. Outras vezes lêem, mas não conseguem ou não querem entender o que está escrito e lá vamos nós alimentar novamente os tais 5 minutos de fama.
Por favor, chega de destilar ódio nas redes dos outros! Isso só alimenta o ruído e a confusão e não traz benefícios para ninguém. Sei que há muita gente que se sente subaproveitada no seu dia-a-dia, mas não é invadindo o espaço dos outros e dando uma opinião que ninguém pediu que se tornam mais úteis para a sociedade. Bem pelo contrário… E isto é válido para os adultos, mas também para os jovens que “padecem” do mesmo mal. Acredito e defendo que as críticas construtivas são sempre bem-vindas, mas marcar uma posição só “porque sim” é perfeitamente dispensável. Pelo menos para mim!
Mas o que é que isto tem que ver com pediatria? – perguntam vocês…
Na verdade, pode parecer que não tem nada, mas tem tudo. O mundo que estamos a construir hoje é o mundo onde os nossos filhos vivem e vão continuar a viver. Os exemplos que lhes damos com as nossas escolhas moldarão muito as escolhas deles também. No fundo, nós somos sempre o grande modelo dos nossos filhos, pelo que temos que levar essa realidade mesmo a sério. Sejamos o que gostávamos que eles fossem um dia e, seguramente, vai toda a gente decidir melhor… Há uma frase bonita, que eu aprendi um dia e que gosto muito de a utilizar, seja para quem for: “Serei o que tu me deres, portanto… que seja Amor!”
Fiquem bem e… até à próxima!
Exemplo para os filhos
- Justiceiros de causas erradas
- Cala do ódio
- 5 min de fama
- Comentar sem ler
- Ler sem entender nem procurar entender
- Alimentar a confusão e fazer ruído
- Pessoas que se sentem subaproveitadas não sua vida