É indiscutível que todos os bebés e crianças são diferentes uns dos outros, mas, mesmo estando cientes disso, grande parte dos pais acabam em comparações (escusadas) dos seus filhos com irmãos, primos, vizinhos ou filhos de amigos.
Na verdade, entendo que as comparações acabem quase por ser inevitáveis, mas na realidade elas são profundamente evitáveis. Passo a explicar porquê…
O desenvolvimento infantil é muito heterogéneo e acontece de forma pouco linear, ou seja, é um processo de aquisições por etapas, de modo “saltatório”. Isto faz com que haja alguns marcos de desenvolvimento que é “suposto” cumprir em determinadas idades. Não é obrigatório que seja exatamente assim, mas para a maioria das crianças é assim que ocorre. E, juntamente com estes marcos, vêm também os chamados sinais de alarme. A questão é que esses sinais de alarme não são um verdadeiro sinónimo de doença, mas sim uma chamada de atenção para se vigiar o desenvolvimento com mais cuidado. E é apenas isso…
Dizer que uma criança tem algum problema porque não anda sem apoio aos 18 meses ou porque não junta palavras aos 2 anos pode ser reducionista e não espelhar corretamente a realidade. O mais importante é sempre integrar essa informação com todas as outras áreas de desenvolvimento, com o ambiente e estimulação a que a criança está sujeita, com as experiências de vida que ela já teve, … Enfim, com tantos aspetos que é impossível dar um diagnóstico e/ou uma solução para qualquer sinal de alarme do desenvolvimento que surja isoladamente.
Mas quererá isto dizer que não devemos ligar a esses sinais?
Também não…
Eles são importantes indicadores do “progresso” que a criança fez até determinado momento. E, com base nessa informação, é sempre possível ajustar os estímulos que se podem dar para ajudar a equilibrar algumas competências que possam não estar tão bem. Daí ser fundamental conhecer e avaliar bem cada criança antes de lhe ser feito qualquer tipo de diagnóstico ou, pior ainda, antes de lhe atribuir um “rótulo”!
Posto isto, termino como comecei, afirmando que todas as crianças são diferentes umas das outras e todas elas têm ritmos também diferentes para fazer as suas aquisições. Apesar disso, sempre que achar que o desenvolvimento do seu filho pode não estar a acontecer de forma adequada, questione o seu médico assistente, pois só com a informação de todos (pais, avós, educadores, profissionais de saúde) se pode fazer um correta avaliação de todas as situações.
Portanto, se o seu filho é o melhor do Mundo…
Não compare, usufrua! 😉
As crónicas voltam daqui a um mês. Até lá… fiquem bem!