A informação sobre células estaminais está mais disponível do que nunca, encontrando-se à distância de um clique. Se está grávida do segundo filho e não guardou as células estaminais do primeiro, saiba que faz sentido fazê-lo desta vez.
A utilização de células estaminais para transplante é uma prática estabelecida há várias décadas, e atualmente usada para tratar mais de 80 doenças graves: doenças hemato-oncológicas, como leucemias e linfomas, vários tipos de anemias, talassemias, doenças metabólicas e imunodeficiências. Havendo necessidade de realizar um transplante, há casos em que as células do próprio podem ser usadas, e outros em que o transplante deve ser feito com células de um dador compatível, por as células do próprio conterem o “defeito” que conduziu ao desenvolvimento da doença. Nesses casos, a primeira escolha para transplante recai sobre as células de um irmão compatível, tendo em conta que as probabilidades de sucesso são melhores do que usando as de um dador não familiar. Dentro da família, os irmãos são quem tem maior probabilidade de ser 100% compatível.
Para além disso, a investigação na área das células estaminais do cordão umbilical conheceu um desenvolvimento notável nas últimas décadas, estando as suas aplicações a ser ampliadas a campos distintos dos inicialmente considerados. Nos anos 80 do século XX, perspetivou-se o sangue do cordão umbilical sobretudo como uma fonte de células estaminais alternativa à medula óssea para transplante. Efetivamente, nas últimas décadas, mais de 45 mil transplantes de sangue do cordão umbilical foram realizados, o que bem ilustra a importância que esta fonte de células estaminais assumiu no campo da transplantação. Mais tarde, as potencialidades das células estaminais do cordão umbilical começaram a ser avaliadas numa vertente da medicina agora em franco desenvolvimento – a medicina regenerativa. Neste contexto, começaram a ser investigadas, por exemplo, para o tratamento de surdez adquirida, paralisia cerebral e autismo. Os resultados têm sido encorajadores, e há evidências de que que o uso de células estaminais do cordão umbilical do próprio, ou mesmo de um irmão compatível, é seguro e pode ser benéfico em casos de paralisia cerebral e perturbações do espectro do autismo, promovendo a melhoria da conectividade cerebral. De acordo com a Parent’s Guide to Cord Blood Foundation – uma associação independente, sem fins lucrativos, que promove a educação sobre células estaminais do cordão umbilical – atualmente estão registados mais de 500 ensaios clínicos com células estaminais do sangue e do tecido do cordão umbilical, o que perspetiva um aumento das suas aplicações clínicas.
Na impossibilidade de prever eventuais necessidades futuras, guardar as células estaminais constitui uma escolha importante, garantindo que estão disponíveis para tratamento, caso seja necessário. De acordo com a experiência da Crioestaminal, pioneira e líder no armazenamento de células estaminais em Portugal, estão documentados vários casos de crianças portuguesas que utilizaram as suas próprias células estaminais, por exemplo para o tratamento de anemia aplástica, paralisia cerebral e autismo, mas também já se verificou a necessidade de utilizar células estaminais de um irmão compatível para tratamento de uma doença rara que afeta gravemente o sistema imunitário, designada síndrome da imunodeficiência combinada severa. Ao guardar as células estaminais do cordão umbilical do segundo filho, estará a agir em benefício de ambos, uma vez que salvaguarda a hipótese de utilização pelo mais novo, mas também eventualmente pelo irmão mais velho, em caso de necessidade.