Este é um tema pouco consensual, mas acho que é muito importante falar dele. Atualmente,
diria que mais de 75% das idas aos Serviços de Urgência (ou seja, mais de 3 em cada 4)
poderiam ser resolvidas fora do ambiente hospitalar. Isto é muito importante por alguns
motivos, dos quais destaco os seguintes:
- Risco para os bebés/crianças
Como é sabido, os Serviços de Urgência concentram muitos microrganismos, pelo que
a permanência de bebés e crianças nesses espaços acarreta um risco significativo de
contágio. - Aumento dos tempos de espera
É facilmente compreensível que, quanto maior for a procura, mais demorada será a
resposta, pelo que é importante não sobrecarregar os recursos disponíveis. Só assim
se consegue responder, em tempo útil, às solicitações verdadeiramente urgentes.
• Diminuição da capacidade de resposta para situações graves
Este é também um ponto muito importante. O desgaste do trabalho no Serviço de
Urgência prende-se, essencialmente, com dois fatores:- gravidade das situações;
- volume de doentes. E se, em relação ao primeiro, não se consegue tomar nenhuma medida em particular, já relativamente ao segundo o cenário é um pouco diferente.
A disponibilidade mental e clareza de raciocínio vão diminuindo à medida que se veem
cada vez mais doentes, pelo que, também por este motivo, é fundamental não utilizar
os Serviços de Urgência sem necessidade, pois isso pode condicionar, claramente, a
qualidade da resposta prestada.
Assim, se a situação não for grave, deve pensar duas vezes antes de se deslocar a um Serviço
de Urgência de um Hospital. Sei que não é fácil, mas só com a ajuda de todos é que se torna
possível otimizar os recursos para se poder dar, a todo o momento, a melhor resposta possível
a todas as famílias.