O ano lectivo já começou e grande parte das crianças desdobra-se em múltiplas actividades para além das suas obrigações escolares. Mas serão essas actividades realmente benéficas?
Na verdade podem ser, mas para isso é importante que cumpram 5 pressupostos fundamentais.
1 – Ser uma fonte de prazer
Este é o princípio mais importante de todos. Qualquer actividade extra-curricular deve dar prazer à criança, de forma a que ela se sinta com vontade de a praticar. Quando não é assim deixa de fazer sentido e passa claramente a ser apenas uma má opção. E nessa altura é preciso reconsiderar…
2 – Ser uma “escolha” da criança
Como é lógico, deve-se tentar respeitar os interesses da criança, sempre que possível. No entanto, isto não quer dizer que os pais não possam (e devam) dar a sua opinião e orientar na decisão final. É importante que o façam, mas o ideal é que seja uma escolha partilhada e que a vontade da criança seja o principal argumento.
3 – Ser um complemento às actividades lectivas
Não faz muito sentido que as actividades extra-curriculares funcionem como um prolongamento da actividade lectiva. Devem ser algo diferente, realizado em contextos diferentes e que permitam à criança mudar de ambiente de forma clara. Se assim não for, passa apenas a ser mais uma espécie de “aulas”, que dificilmente serão motivadoras e cativantes.
4 – Servir de estimulação para diferentes áreas do desenvolvimento
O desenvolvimento cognitivo é muito importante, mas só se consegue estimular se se tiver em atenção todas as vertentes do desenvolvimento mais “global”. Assim, as competências motoras, artísticas e de orientação (por exemplo) são algumas das áreas que devem ser estimuladas com este tipo de actividades. Desta forma, vão servir de complemento ao dia-a-dia escolar, ajudando a torná-lo mais proveitoso e fazendo com que as crianças se conheçam cada vez melhor.
5 – Não ser uma obrigação
Quase parece uma repetição do primeiro pressuposto, mas isso não é verdade. A questão da “obrigação” prende-se muitas vezes com a questão de os pais tentarem incutir a noção de “responsabilidade” aos filhos, fazendo com que estes assumam os “compromissos” de forma honrosa. No entanto, é importante perceber que uma criança de 6-7 anos que decide ir para o futebol porque gosta do Cristiano Ronaldo, está no seu direito de perceber que aquela actividade não é exactamente como imaginou e querer desistir. Eu sei que isto é um pouco controverso, porque há crianças que parece que não gostam de nada e andam sempre a saltar de actividade em actividade. No entanto, não me parece que obrigar uma criança a cumprir um “compromisso” de um ano de uma coisa de que não gosta seja a melhor opção de ensinar o que quer que seja. Até porque é certo que ela não vai tirar proveito nenhum…