Nesta coisa da Parentalidade Positiva, existe uma coisa que me faz sempre sorrir: a birra dos pais! Ah pois é, senhoras e senhores! Nós também fazemos as nossas birras… Queres ver?
– Se não vens comer já, não há mais playstation!
Pimba, vais já ver quem manda aqui!
– Dá-me lá um beijinho! Não dás? És feio!
Que maldade e que mentira, ainda por cima! Os miúdos têm fases (de beijos e não beijos) e, vá lá, já há mais gente a perceber isso!
– Pára de bater! Só os meninos feios é que batem!
Maldade, mentira! Não se bate porque isso magoa os outros, eu não quero e não resolve nada. Ainda por cima, os putos, quando têm sono, fazem destas coisas. Ok, há alturas em que a coisa passou um tal estágio que já pode ser mais do que isso MAS há sempre, mas sempre uma falta qualquer e tu, enquanto pai e mãe, tens de descobrir o que é. Por aquilo que tenho vindo a ler (e faz todo o sentido) um miúdo que está bem emocionalmente não bate!
– Pára de brincar com o pacote do açúcar! Olha que vem aí a polícia
Esta farto-me de a ouvir – dá mais trabalho explicar porque é que aquilo não se faz, tirar o pacote ou eu sei lá do que dizer que vem aí o fiscal, não é?
– Tira o dedo da boca que vais ficar com ele desformado/vais ficar sem dedo
E se disseres a verdade? E se disseres que os dedos têm micróbios? E se o tiveres de repetir mil vezes, vem mal ao mundo? E se disseres que estás cansad@ de lhe pedir isso? E se lhe disseres apenas ‘dedo!’? Experimenta! É que eles também se esquecem, tal e qual como nós… ainda para mais, é fonte de prazer…
– Bates-me? Pega lá que é para aprenderes! O quê? Eu sou fei@? Vamos já ver se me voltas a falar assim!
E pronto, é isto… bater está mal, pois claro, mas se o faz é porque se calhar está chateado e não sabe explicar… em vez disso, age com calma e faz o que gostarias que te fizessem numa altura em que estás zangad@ É que bateres por cima, acho eu, não resolve grande coisa, pois não? Achas que o teu filho te está a desrespeitar? Procura ver mais longe do que isso, boa?
– olha que vem aí o bicho mau que te leva se não estiveres a dormir
A verdade é que os miúdos precisam de descansar e dormir. Precisam. E é isso que lhes temos de dizer e explicar. E explicar que é assim que eles crescem (em altura e na cabecinha). E quando acordarem, vão estar cheios de energia para continuarem a brincar. Não há bicho mau, ok? Não há!
O que é que ganhas com isto tudo?
Primeiro, não estás a fazer com que actuem com base no medo. Estás a falar a verdade e estás a respeitá-los enquanto seres humanos que são. E, compreendendo a verdade, vão aceitar. ‘Ah e tal, tu não sabes como é o meu filho.’ Pois não, não sei. O que sei, é que eu prefiro falar verdade com a minha do que saber que ela faz o que quer que seja porque tem medo de uma coisa qualquer. E isso faz, pelo menos para mim, toda a diferença. Claro que dá trabalho, claro que demora mais mas, depois de ela entender, ela aceita e, muitas das vezes explica o motivo ;). Sê firme, clar@. E repetitiva!
Segundo, é com isto que eu construo uma vinculação ainda maior porque, a cada passo que dou, a cada falar verdade com ela, estou a fazer com que a nossa casa seja um lugar seguro. Porque a trato como uma pessoa, com base no respeito e tendo em conta a idade e a maturidade dela. Não a trato como um ser menos capaz nem tão pouco faço com que actue com base no medo. Mas também não faço dela um mini-adulto porque não o é. É uma crianças que precisa de orientação. Educar é isso, é o-ri-en-tar!
E, aqui entre nós que ninguém nos ouve, se há alguém ‘menos capaz’ sou eu se tenho de usar estratégias como o medo ou a punição.
Mas, e se eu não os punir, como é que eles aprendem?
Com os nossos comportamentos, estamos sempre a modelar e a influenciar os comportamentos dos nossos filhos. Eles aprendem porque te sabem justo, sério e coerente. Aprendem porque sabem que falas a verdade. Aprendem porque, no respeito que tens por eles, na empatia que mostras, eles devolvem tudo isso em igual respeito e empatia.
Ah, isso não deve ser bem assim, pensas tu… Pois… 😉 Vá lá, give peace a chance e segue, sem medos… Com persistência, firmeza e muito amor!