A chegada à escola marca o encanto pela aprendizagem e mais uma etapa do nosso crescimento. É na escola que contactamos mais frequentemente com os nossos amigos, que brincamos com eles, mas também é lá que iniciamos o nosso percurso escolar.
É com a professora primária, no primeiro ciclo, que iniciamos a aprendizagem formal da leitura, da escrita, do cálculo, da nossa história, da nossa geografia que nos vai alimentando e satisfazendo a voraz curiosidade em querer saber sempre mais. Professores que nos acolhem e marcam pela sua paciência, dedicação e modo de estar, num estabelecer de relação à entrada da escolaridade obrigatória.
São estes professores, num modelo monodocente, quem nos ampara no primeiro impacto com o ambiente e com as regras da nova escola, que nos acarinham todos os dias, que nos transmitem tranquilidade na insegurança de quem é criança, que nos ajudam a confiar em nós e a perceber que somos capazes, que nos desafiam a superar os obstáculos que sempre se cruzam no caminho, que nos suportam nos dias chatos e nos compreendem nos momentos menos bons, ficando ao nosso lado. A rir e a chorar connosco, do jeito deles, mas com tempo para nos conhecerem e ajudarem na construção do nosso eu.
Na transição para o 2º ciclo, o contacto com os professores não é tão presente, torna-se mais esporádico. Não é tão comum encontrarmos o mesmo professor todos os dias, com tempo para nós e não somente dedicado para as matérias. Geralmente são relações mais distantes, por serem mais fugazes e menos frequentes, e por isso nos lembramos melhor dos nossos diretores de turma com quem mais tempo passávamos. Que nos ajudavam a resolver os “problemas” da turma e que nos ouviam para além das respostas às perguntas das matérias.
Não está em causa a sua preocupação para connosco, mas são professores tipicamente mais distantes por não terem uma relação tão próxima, exceção a professores que têm a mesma turma em mais que uma disciplina e os “DT”, que nos marcam e conquistam não pelo que ensinam mas pelo que são enquanto modelos e pessoas. Os “DT” são figuras marcantes uma vez que ajudam na coesão e comunicação entre professores para um maior apoio a cada uma das crianças. É natural haverem mudanças a todos os níveis e o diretor de turma torna-se um elo de ligação também emocional para além de pedagógico.
Ao longo do percurso académico os professores marcam o nosso caminho. De diferentes formas, não só os que nos dizem coisas boas, coisas positivas e reforçadoras mas quem também nos critica e nos faz pensar. Os professores de referência são aqueles que nos ajudam a ser melhores, não apenas os que nos ensinam bem a matéria. É na relação que se perceciona o desempenho dos docentes e que se relembram as figuras de referência.
São os professores que sentem o que dizem, em que o seu verbal e postura são coincidentes, que marcam as crianças no seu dia-a-dia. São os professores, na escola, que conquistam, muitas vezes, o modelo mais importante depois do modelo familiar tendo grande impacto no crescimento enquanto crianças, pré-adolescentes e jovens adultos.
Se pensar nos seus melhores professores, é provável que se lembre melhor do que eles eram enquanto pessoas do que o que lhe ensinaram. É essa a diferença para quem nos marca. Os modelos que nos transmitem pelo que são e pelo que fazem, não apenas pelo que dizem.