A Triagem de Manchester de uma forma resumida, permite aos profissionais de saúde priorizar o atendimento nos Serviços de urgência. Importa reforçar a ideia de que a triagem não fornece um diagnóstico mas apenas uma prioridade com base na identificação de problemas.
Existem 5 prioridades clínicas reflectidas numa cor de pulseira: Vermelho, Laranja, Amarelo, Verde e Azul, que implicam tempos ideais e recomendáveis de atendimento: A criança com pulseira vermelha requer um atendimento imediato, a Laranja, nos primeiros 10 Minutos, a Amarela na Primeira Hora, a Verde pode aguardar até 2 horas ou mesmo ser reencaminhada para outros serviços e por fim a azul que pode aguardar até 4h ou ser encaminhada para outros serviços de saúde.
Pois bem, no Serviço de Urgência Pediátrica, a queixa mais comum relatada na triagem é a Febre. É também aquela que dependendo do valor, pode alterar a prioridade no atendimento.
Levanta-se agora a seguinte questão:
Se o motivo da ida à urgência é a Febre, devo medicar a criança com antipirético antes de ir ao SU ou não?
A Resposta que muitas vezes ouvimos é NÃO.
Não porque desta forma sou atendido mais rápido!
A Criança até pode ser atendida mais rápido, mas certamente ficará mais tempo no interior do serviço de urgência, porque prática comum é: administrar o antipirético e esperar no interior do SU para que a temperatura baixe e só depois se segue a alta. Isto eleva a exposição a outras doenças.
Por outro lado o primeiro objectivo do tratamento da febre é diminuir o desconforto. Faz sentido aumentar o desconforto do meu filho para que eu seja atendido mais rápido?
Não porque desta forma todos acreditam que ele tem febre, logo vão observa-lo de uma forma mais minuciosa!
Quanto à questão da observação médica, posso adiantar que a criança com febre é na sua maioria das vezes mais difícil de observar pelo desconforto e irritação que apresenta. Muitas vezes é medicada com antipirético e só depois observada. Posso também adiantar que a criança com febre persistente, medicada, é igualmente sujeita a uma observação minuciosa no sentido de se despistar a origem da mesma.
Não porque já que vou ao SU, podem administrar lá o antipirético.
Uma das causas das convulsões febris é a rápida subida da temperatura. Faz sentido aumentar o seu risco, não administrando o antipirético em tempo útil?
A questão é altamente sensível. Mas estarei certo de que as questões levantadas neste artigo nos farão reflectir e tomar a atitude certa quando recorremos ao Serviço de Urgência com os nossos filhos.