Quando comecei a pensar por onde começar a falar de SEGURANÇA RODOVIÁRIA INFANTIL, a questão da ambivalência entre o que é actualmente legalmente exigível ou legal em termos de transporte de crianças e o que é seguro aflorou-se-me de imediato como uma questão fundamental a abordar.
Assim, esta minha participação no blog carece de “acompanhamento” e leitura continuada para que possa ser absorvida e compreendida toda a dinâmica do tema.
Para hoje, a reflexão gira ao redor do título e à questão de como pretendemos obter segurança rodoviária infantil com sistemas de RETENÇÃO infantil?
De facto, para compreender o hoje quente tema, a segurança rodoviária infantil tem que ser compreendida à luz da sua envolvência histórica:
– pois……a forma como o sul da Europa faz “nascer” os ainda hoje SRI’s (sistemas de retenção infantil) está intimamente ligado com o ainda actual panorama, quer legislativo, quer de homologações. De facto, o grande objectivo foi sempre o de RETER as crianças, focando o risco na possibilidade destas importunarem o condutor, e não pensando na criança e na sua segurança em concreto.
Não querendo fugir do tema, há que observar esta realidade no contexto, pois à época a criança não era vista ainda como um ser pleno, vigorava um regime familiar bem diferente do actual em que a criança se encontra no centro das preocupações e cuidados.
Assim, aquilo de que se dispunha para o transporte de crianças eram efectivamente sistemas pensados e produzidos para RETER as crianças….e só!
Encontramos os mais diversos modelos:
– desde o berço anunciado como “viaje com o conforto do lar”, passando pelo banco com volante para poder imitar o condutor, até à versão mais radical em jeito de floreira a pender para fora da janela do automóvel……sim, leram bem!
O caminho dos nossos “vizinhos de cima” os nórdicos foi diferente. Aí, temos na Volvo a criação do ainda hoje universalmente utilizado cinto de segurança de 3 pontos – que se estima já ter salvo mais de 1 milhão de vidas * e a vontade de seguir caminho, prosseguindo para o estudo de como PROTEGER então a vida dos mais pequenos. Nasce então na ainda existente klippan (fabricante de cintos de segurança desde 1959) em 1967 a primeira cadeira auto que pretende salvar vidas.
Não alongando detalhes, até 2008 na Suécia não havia alternativa, senão transportar as crianças com menos de 4 anos contra sentido da marcha. Apenas a imposição por via da pertença à comunidade europeia de livre circulação de pessoas e bens veio alterar este panorama.
Volvidos que são já 12 anos desde este novo cenário é mais do que tempo de evoluir, é tempo de nos focarmos nesse bem insubstituível que é a VIDA.
Ora, a VIDA dos nossos filhos é da nossa responsabilidade…..pois que estes não são autónomos e nem conscientes dos perigos e das opções…..nós decidimos por eles.
E o que decidir?
– o LEGAL ? é legal viajar a favor da marcha a partir dos 9kg!!!!
ou
– o SEGURO? sabemos que segurança é viajar contra a marcha, sabemos que segurança é viajar contra a marcha até o mais tarde possível, sabemos (unanimemente aceite!) que segurança é viajar contra a marcha PELO MENOS até aos 4 anos.
Estamos pois perante um enorme desfasamento entre o que podemos e o que devemos fazer…..e não posso passar ao lado do DEVEMOS……pois a declaração universal dos direitos da criança e a lei geral consagram o principio do cuidar como um DEVER parental…..
Naturalmente que o melhor seguro de vida de uma criança são pais devidamente informados e conscientes dos riscos do legal vs os benefícios do seguro…… e é isso que me move! Conseguir que cada vez mais pais e profissionais vejam o lado dos benefícios, porque como diz a minha amiga Magda Gomes Dias:
Segurança não é negociável!