Depende…
Esta é uma questão que pode ser um pouco complexa, pois é importante tentar distinguir uma “distração” apenas de uma criança que possa ter um défice de atenção e, por esse motivo, ter dificuldades na aprendizagem e interação social. Assim, é fundamental ter alguns aspetos em consideração, dos quais destaco os seguintes:
- Idade da criança
Como é lógico, as crianças mais novas têm tempos de atenção mais curtos e são mais desatentas do que as mais velhas. E isso tem que ser levado em consideração sempre que se tenta avaliar se a criança é “distraída” ou não.
- Comportamento em diferentes contextos
Mesmo que não seja sempre visível, as crianças com défice de atenção têm essa caraterística em todos os contextos onde se inserem. E isto quer dizer que será algo notório em casa, na escola, nos momentos de lazer ou na prática desportiva, entre outros. Se a dúvida existir apenas num desses contextos e ela for adequada nos outros todos, é mais provável que o problema esteja no contexto em si e não na criança.
- “Funcionalidade”
Este é, provavelmente, o ponto mais importante. O principal objetivo de todos os pais e profissionais que lidam com crianças é que elas sejam “funcionais” nos locais onde estão inseridas, ou seja, que consigam corresponder de forma relativamente adequada ao que lhes é solicitado. E isto significa que, num momento de lazer, é mais aceitável que uma criança seja “distraída” do que numa situação formal de aprendizagem (aula, por exemplo). Por esse motivo, é imprescindível tentar perceber se cada criança está bem adaptada aos seus contextos, para garantir que é funcional em todos eles ou se, pelo contrário, a sua distração pode condicionar a sua adaptação.
Por fim, importa esclarecer que as crianças são todas diferentes umas das outras e isso tem que ser respeitado. Mais importante do que tentar que sejam todas iguais (porque, na verdade, se trata de uma guerra perdida), é fundamental ajudá-las a adequar-se às exigências e, dentro das suas capacidades, tentar que correspondam da melhor forma possível. No entanto, tendo em consideração os pontos expostos anteriormente, se surgir alguma dúvida relativamente a este assunto, deve questionar o seu médico assistente para tentar perceber se se justifica uma avaliação formal da criança no sentido de despistar um verdadeiro défice de atenção.