Para poderem estar disponíveis, a qualquer altura, para o tratamento de mais de 90 doenças, as células estaminais do cordão umbilical são preservadas a temperaturas muito baixas – na ordem dos 190°C negativos – em tanques com azoto líquido.
A técnica de criopreservação permite congelar células e tecidos a temperaturas muito baixas, sem comprometer a sua viabilidade. As células ficam como que “paradas no tempo”, à espera de serem descongeladas para utilização. Esta técnica, utilizada há muitas décadas na área da fertilidade, tem-se revelado útil noutros campos da medicina, nomeadamente na criopreservação de células estaminais obtidas imediatamente após o nascimento, permitindo que estas estejam disponíveis, a qualquer momento, para aplicação clínica, quer nas crianças de quem foram colhidas quer noutras pessoas compatíveis. Assim, durante o parto, logo após o nascimento do bebé, as células estaminais começam a sua viagem: primeiro, o sangue e o tecido do cordão umbilical são colocados no kit de colheita, que acompanha a mãe da sala de partos para o quarto de recobro, sendo depois transportados a temperatura controlada até ao laboratório da Crioestaminal, onde se dá todo o processo que culmina na criopreservação das células estaminais. No laboratório, o sangue e o tecido do cordão umbilical são processados de modo a isolar (concentrar) as células estaminais. Seguidamente, é adicionado um agente crioprotetor – uma substância que permite evitar a formação de cristais de gelo no interior das células, protegendo-as assim do processo de congelamento. Depois de adicionado o crioprotetor, as amostras são congeladas de forma gradual, e, finalmente, colocadas nos tanques de armazenamento, onde permanecem a temperaturas negativas muito baixas até serem necessárias para tratamento. Nada é deixado ao acaso: todo o processo é sujeito a um rigoroso controlo de qualidade – que inclui um vasto painel de testes, nomeadamente a determinação do número e viabilidade das células, análises microbiológicas e de proliferação celular, entre outros – que garante que estas células estão aptas a ser usadas em qualquer centro de tratamento do mundo. Para além da autorização concedida pela entidade reguladora nacional – a Direção Geral de Saúde (DGS) – o laboratório da Crioestaminal é acreditado pela AABB (Association for the Advancement of Blood and Biotherapies), uma entidade internacional independente, que verifica a conformidade dos processos e dos sistemas de qualidade implementados, garantindo a máxima qualidade e segurança das células que venham a ser libertadas para aplicação clínica. A Crioestaminal é acreditada pela AABB desde 2010, tendo no início de 2022, recebido ainda a qualificação internacional de excelência e qualidade pela mesma entidade. A acreditação pela AABB abrange as fases de recolha, processamento, criopreservação, análise e distribuição das células estaminais do sangue e do tecido cordão umbilical para aplicação clínica. Para além da criopreservação de células estaminais de sangue e tecido do cordão umbilical, a Crioestaminal inaugurou, em 2020, um laboratório dedicado ao desenvolvimento de terapias celulares avançadas, resultado da sua forte aposta em Investigação e Desenvolvimento, e do seu contínuo compromisso com a comunidade na procura de soluções para doenças atualmente sem tratamento eficaz.