Não há dúvidas nenhumas de que brincar é um direito de todas as crianças. Na verdade, diria até que, mais do que um direito, é uma necessidade básica que elas têm e que tem mesmo que ser encarado como tal.
Quando os pais brincam com os filhos, é muito frequente pensarem o que lhes podem ensinar com esses momentos, pelo que é importante perceber se se deve brincar com esse propósito ou se, pelo contrário, isso é algo que deve acontecer naturalmente, sem ser encarado como um objetivo. Eu diria que a fronteira entre os dois é ténue, mas prefiro a segunda opção. Passo a explicar porquê:
- A brincadeira não pode ser uma aula
O maior problema de querer que a criança brinque para aprender é que, rapidamente, esses momentos se transformam numa verdadeira aula. Entre uma imensidão de perguntas, como “Como faz a vaca? E o cavalo? E o porco?” ou “De que cor é a bola? E o carro? E o urso?” ou ainda “Quantos lápis estão aqui? E bonecas?” sobra pouco tempo para que a criança possa explorar, por si, o ambiente que a rodeia e divertir-se com isso, pelo que essa é, claramente, uma prática a evitar.
- As regras devem ser da criança
Quando uma criança está a brincar deve ser ela a decidir o que se vai fazer, ou seja, deve ser ela a “comandar” esses momentos. Claro que o ideal é que os adultos esteja, envolvidos nessas brincadeiras, mas mais como intervenientes passivos do que como intervenientes ativos.
- É importante fomentar a brincadeira livre, não estruturada
Atualmente, é consensual que as crianças precisam de momentos em que brincam de forma não estruturada, sem regras. Isso estimula a sua criatividade e é uma fonte de prazer, com benefícios para o seu desenvolvimento e interação com os outros.
Posto isto, eu diria que a aprendizagem não deve ser um objetivo sempre que brinca com os seu filho. Até porque, se forem cumpridos estes requisitos, isso é algo que vai acabar por acontecer naturalmente, sem nenhuma dificuldade nem “resistência” por parte dele.