Os afogamentos são um dos tipos de acidentes mais frequentes em Pediatria e, por definição, dizem respeito ao comprometimento da capacidade respiratória causada pela imersão ou submersão em líquido.
A consequência mais grave é a falha no fornecimento de oxigénio às células e, nesses casos, a duração do afogamento é o fator de prognóstico mais importante. O período máximo antes de ocorrer lesão irreversível é incerto, mas é sempre inferior a 5 minutos.
Pode ou não ser fatal, mas é uma situação potencialmente grave, pelo que deve ser orientada de forma adequada e atempada. As crianças pequenas são mais vulneráveis ao afogamento, uma vez que a sua cabeça é mais pesada proporcionalmente ao corpo, o que faz com que percam o equilíbrio mais facilmente quando se inclinam, facto que aumenta a probabilidade de caírem num local com água. Bastam 3 cm de altura de água para provocar um afogamento e é sempre importante ter presente que esta é uma morte rápida e silenciosa. Por esse motivo é profundamente desaconselhado deixar uma criança sozinha numa banheira, sem vigilância.
Quando procurar ajuda médica?
- Se houver alteração do estado de consciência
Se a criança ficar inconsciente pode ter ocorrido lesão cerebral, pelo que é importante uma avaliação médica cuidada.
- Se houver necessidade de realizar manobras de reanimação
Mesmo que a criança recupere o seu estado geral, o risco de lesões e complicações após a reanimação é significativo, pelo que todas as crianças nessa situação devem ser observadas.
- Se a criança apresentar falta de ar, tosse persistente ou cor azulada nos lábios
Todos estes são sinais de compromisso respiratório, que necessitam de orientação médica.
- Se a criança apresentar hipotermia e não conseguir revertê-la com as medidas adequadas
O que se deve fazer?
- Garantir que estão reunidas as condições de segurança da vítima e do reanimador
- Retirar a vítima da água
Sempre que possível, deve tentar fazê-lo sem entrar na água. Pode recorrer, por exemplo, a uma boia, corda, objeto longo ou barco. Se for necessário entrar na água, deve fazer-se acompanhar de um dispositivo flutuante (boia ou placa de madeira, por exemplo), para ajudar no salvamento. A criança deve ser retirada da água pelo meio mais rápido e seguro possível e deve-se tentar que ela se mantenha o mais possível numa posição horizontal, para diminuir a probabilidade de complicações após a reanimação.
- Avaliar rapidamente se há suspeita de lesão da coluna cervical
As lesões da coluna cervical podem ser muito graves, pelo que devem ser abordadas inicialmente em qualquer situação de trauma. Se houver suspeita deve-se tentar imobilizar a cabeça da criança, para não mexer o pescoço.
- Avaliar se a criança está consciente ou inconsciente
Se a criança estiver inconsciente deve iniciar de imediato os procedimentos de Suporte Básico de Vida Pediátrico. Se estiver consciente, deve-se deixá-la adotar uma posição de conforto, mantendo apenas a imobilização da cabeça e da coluna cervical nos casos em que se justifica, tal como descrito acima.
- Aquecer a criança
Deve-se retirar todas as roupas que estejam molhadas e cobrir a criança com uma toalha ou roupa quente, se estiver com frio.
O que não se deve fazer?
- Tentar resgatar uma criança sem garantir a segurança da situação
- Tentar iniciar a reanimação ainda dentro de água
As manobras de reanimação devem ser feitas num local seguro e, de preferência, com a criança deitada numa superfície dura, para aumentar a sua eficácia.
- Manipular demasiado uma criança inconsciente
Para além do possível risco de lesão da coluna cervical, se a criança estiver em hipotermia tem mais risco de surgir uma arritmia, pelo que se deve evitar uma manipulação excessiva.