Todas as escolas (ou quase todas) têm os seus quadros de mérito e isso é algo que, na minha opinião, tem obrigatoriamente que ser repensado. Isto porque, apesar de ser uma ideia teoricamente interessante, na prática não me parece que funcione muito bem. Passo a explicar porquê:
- Efeito nos pais vs. Efeito nos filhos
É inegável que é um motivo de orgulho ter um filho num quadro de mérito, mas a verdade é que esse facto tem, na maior parte das vezes, mais efeito nos pais do que nos próprios filhos. E, se assim é, perde claramente o propósito de tentar recompensar de alguma forma os bons alunos.
- Resultado final vs. Esforço
Este é, sem dúvida, o aspeto mais importante de discutir. Com este tipo de distinção o que se premeia é, única e exclusivamente, o resultado final. E isso é, muitas vezes, tremendamente injusto… É muito mais importante e pedagógico recompensar e enaltecer o esforço e o trabalho, mesmo que isso não se traduza num número mínimo de “cincos” na pauta. Também é verdade que, geralmente, o resultado depende do esforço, mas nem sempre é assim. E este tipo de prémios não valoriza, de forma alguma, o empenho dos alunos.
- Incentivo vs. Desmotivação
Um dos pressupostos para os quadros de mérito é o de incentivar os alunos teoricamente “menos bons” a tirar melhores notas. Mais uma vez, temos uma ideia que até podia ser interessante, mas que, na prática, se revela bastante inútil. A maior parte dos alunos que não têm o reconhecimento de pertencer a um desses quadros passa a desinteressar-se por esse objetivo, o que pode funcionar como uma desmotivação adicional, ou seja, acaba por ter o efeito completamente contrário ao que foi idealizado.
Em jeito de conclusão, parece-me que este tipo de “reconhecimento público” dos bons alunos tem mais efeitos perversos do que benéficos. A razão é que alimenta ainda mais as desigualdades e cria fossos maiores entre os alunos, o que é tudo menos o que a escola deve fazer.
Mas é apenas a minha opinião…