Embora a incidência do eczema atópico seja crescente ao longo das últimas décadas, estimando-se que afete 2 a 5% da população em geral e cerca de 15% das crianças, a doença inflamatória crónica da pele ainda é revestida de várias incertezas. Ainda não se sabe com exatidão, por exemplo, porque é que algumas pessoas acabam por ter e outras não. Em simultâneo, há outras patologias dermatológicas que se sobrepõem ao mesmo, tal como a psoríase, aumentando a confusão e a desinformação em torno do tema.
Contudo, no momento de cuidar do seu filho (ou filhos), sabemos que é esperado que os pais tenham todas as respostas, especialmente quando esta é uma condição tão mais comum na população pediátrica. Por isso mesmo, reunimos neste artigo-guia que vai querer guardar nos favoritos alguns dos principais mitos e verdades em torno do eczema atópico – também popularizado como “dermatite atópica”. Conheça-os:
- O eczema atópico é contagioso
Mito. Está claramente definido pelos especialistas que é uma condição genética não contagiosa. Ninguém irá ficar com eczema porque tocou na pele de alguém que sofre com a doença.
- A hidratação da pele pode prevenir a probabilidade de um bebé desenvolver eczema.
Verdade. Mesmo quando existe um historial familiar associado à patologia que, por ser genética, desempenha um papel importante no aumento da probabilidade dos filhos também terem, um creme hidratante poderá ser o melhor amigo dos bebés nesta situação. Os estudos comprovam que usar um cuidado de hidratação diário pode, de facto, diminuir as probabilidades de um bebé desenvolver eczema.
- A dermatite atópica é passageira e não precisa de tratamento contínuo
Mito. Quem sofre com eczema conhece bem as suas manifestações e crises, em que a pele desenvolve placas vermelhas, que se cobrem de pequenas vesículas originando, por fim, crostas. Mas o eczema não existe apenas nesses momentos. É constante. Na fase de remissão da crise, por exemplo, a secura cutânea (xerose) é frequentemente associada a um aumento do prurido. Quer esteja em período de inflamação ou de acalmia (caraterizado pela pele seca), o eczema necessita de tratamento contínuo, com soluções adaptadas a cada momento. A aplicação de cuidados de pele hidratantes poderosos é fundamental nesta última fase, para a reconstruir. Mas a existência de cuidados de pele ao longo de todas as fases, adequados, é imprescindível para diminuir as crises, em primeiro lugar.
- Não se deve aplicar cremes dermocosméticos quando a pele está inflamada e a lesão apresenta feridas abertas
Verdade. Por muito que exista um hidrante de eleição que ajuda o seu filho a ultrapassar as maiores crises de eczema, não deverá utilizá-lo em qualquer ferida aberta provocada pela patologia. O mais importante é a limpeza da ferida, de forma a evitar infeções. No caso de feridas ligeiras, bastará lavar com água para remover a sujidade e os tecidos mortos. Já em casos mais extensos, um antissético poderá ajudar depois da lavagem. A ferida deve apenas ser coberta com um penso (para proteção, se for numa zona que toque facilmente em objetos, roupa, etc.), e nunca com um creme.
- O eczema é causado pelo stress
Mito. Apesar de ser uma das ideias mais populares, o stress não é, de facto, responsável pelo aparecimento do eczema que, como vimos, tem uma origem genética. Todavia – e esta distinção é importante – poderá agravar a patologia. Para além de contribuir para despoletar crises, pode torná-las piores: a tendência para coçar e ficar irritado é maior, tornando a situação ainda pior.