As birras são uma manifestação de desagrado, que geralmente surge quando uma criança se sente “frustrada” por não conseguir atingir determinado objectivo, seja porque é incapaz de o fazer ou então, mais frequentemente, porque é contrariada.
São uma espécie de “teatro”, que servem para a criança manifestar publicamente que está descontente e que, como tal, só funciona bem quando tem espectadores. É por esse motivo que muitas vezes as crianças decidem fazê-las em locais públicos, como quando se tem convidados em casa, quando se está num restaurante ou então num shopping ou hipermercado. Tem como objectivo tentar arranjar “aliados”, aproveitando a fragilidade dos pais quando estão expostos a outras pessoas. Assim, a melhor forma de lidar com as birras é mesmo ignorar, sempre que seja possível. Obviamente, tem que se garantir a segurança da criança, mas o ideal é deixá-la sozinha quando está a fazer uma birra, explicando claramente “Estás a fazer uma birra, portanto vou sair daqui. Quando acabares eu volto”. E isto implica que os pais saiam mesmo daquele local… O que vai acontecer é que numa primeira fase a criança vai berrar mais alto para chamar a atenção é a seguir pára.
A idade de início é bastante variável, mas de um modo geral começam a surgir por volta dos 15 meses, quando a criança começa a ter alguma capacidade de entendimento, mas pouca capacidade de se expressar. Provavelmente este desequilíbrio entre o que a criança entende (que nesta idade é já bastante) e o que fala (muito pouco ou quase nada) é um dos principais factores que despoleta este tipo de manifestação. Para além disso, é também uma idade em que a criança vai adquirindo progressivamente mais autonomia, não tendo propriamente verdadeira capacidade para a gerir. Todas estas mudanças no desenvolvimento vão fazer com que as crianças se sintam defraudadas muitas vezes nas suas expectativas, surgindo a birra.
Quanto à idade em que terminam, ela não existe propriamente. Eu diria que até aos 3-4 anos e sempre a “piorar” e a partir daí vai melhorando muito lentamente. Depende sempre de cada criança, mas isso vai estar muito relacionado com a capacidade de expressão, negociação e persuasão de cada um…
As birras fazem parte do desenvolvimento normal e, portanto, é normal e até saudável que as crianças as façam. O papel dos pais, nessas situações, é o de ensinar que esse não é o caminho a seguir, ou seja, que as birras não são a solução “fácil” para conseguirem tudo o que pretendem. Por esse motivo, a pior resposta a uma birra é ceder à vontade da criança, pois assim ela passa a querer assumir sempre o controlo da situação.