É uma dor de cabeça na adolescência e, em alguns casos, até na pré-adolescência. Enquanto nesta última as manifestações mais comuns são as borbulhas, para os adolescentes acrescem também as lesões inflamatórias. Extremamente comum na puberdade, sobretudo devido às alterações hormonais vividas durante esse período, a acne afeta ambos os sexos, aparecendo tendencialmente mais cedo junto do sexo feminino, mas de formas mais graves para o sexo masculino.
A sua prevenção assume, assim, contornos de grande relevância já que – regra geral – não são adotados comportamentos que ajudem a minimizar o seu aparecimento e consequências. Falamos por exemplo de rotinas de limpeza de pele com produtos adequados à mesma, cuja importância nem sempre é percebida nas idades mais jovens. É algo que só se torna um problema e ao qual apenas prestamos atenção quando já existe e se vê.
Por norma, a acne evolui de forma gradual, sendo o seu primeiro estágio o de uma pele mais oleosa, seguido dos primeiros pontos negros, as “famosas” borbulhas e que, mais tarde, podem evoluir para borbulhas que começam a estar cada vez mais inflamadas e em maior quantidade (pápulas inflamatórias, que são lesões vermelhas inflamadas sem pús, ou as pústulas, lesões já com pús) ou para os dolorosos nódulos.
E, como se não bastassem as manifestações físicas, a sua grande visibilidade (por estarmos a falar do rosto), acaba por desencadear também preocupações a nível da autoestima e da autoconfiança de quem sofre com esta condição cutânea. Muito mais do que borbulhas, falamos de algo que afeta o aspeto geral do rosto, nosso cartão de visita, numa idade em que todas as questões associadas à imagem são ainda mais vulneráveis. Combater a acne, não só para a minimizar ao máximo no presente, mas assegurando que não deixa marcas, pigmentações persistentes e/ou cicatrizes definitivas, pode então tornar-se um tema extremamente sensível e de resolução desafiante.
Estima-se que entre os adolescentes com acne, 10 a 20% necessita de aconselhamento e acompanhamento especializado de Dermatologia. Mas como identificar quando é que é esse o caso? De realçar que nem sempre o diagnóstico de acne é linear e que nem tudo o que parece acne é realmente acne. Nesses casos, é primordial a observação por um Dermatologista para chegar ao diagnóstico correto, quer seja acne ou não e poder realizar o tratamento mais adequado.
De facto, para o Dr. Alexandre Catarino, Dermatologista, “a ida a uma consulta de Dermatologia pode ser realizada logo nas primeiras lesões de acne, mas é verdadeiramente importante em casos de acne resistente aos tratamentos que estão a ser realizados, quando há um envolvimento mais extenso, acne mais exuberante e suscetível de deixar cicatrizes ou quando está associada a outros sinais ou sintomas. Além disso, o Dermatologista tem também um papel no tratamento corretivo das cicatrizes”.
Assim, há sobretudo 3 sinais aos quais deve ser dada especial importância para se perceber qual o momento de tomar a decisão de visitar um médico dermatologista:
- A área afetada pela pele é extensa: quando a superfície afetada é maior, torna-se mais complicado obter os resultados esperados apenas através da terapêutica tópica, sobretudo se a mesma não for cumprida de forma rigorosa. A tendência é para que as zonas mais expostas ou com manifestações mais agressivas sejam o foco da preocupação e tratamento, e que as restantes sejam deixadas de parte e que possam piorar.
- A acne apresenta um historial recorrente: são adotadas rotinas e/ou soluções tópicas adequadas, mas depois de terminar esse ciclo com resultados, a acne volta a surgir? Vários fatores, desde a alimentação à ansiedade, ao uso incorreto de maquilhagem e de produtos desadequeados para o tipo de pele, podem justificar este reaparecimento. Contudo, é importante procurar um especialista para perceber como evitar este ciclo e prevenir novas crises, sobretudo compreendendo que tipo de comportamentos, produtos e/ou ações as ajudam a desencadear.
- Quando surgem lesões inflamatórias mais profundas, com pus, e que podem inclusive ser dolorosas: para além da terapêutica tópica, nestes casos pode ser necessário recorrer-se a medicamentos orais (por exemplo de terapêutica hormonal, como a pílula contracetiva, no caso das mulheres) ou mesmo, em situações mais extremas de quistos e cicatrizes, a respostas mais agressivas e, em casos muito avançados, cirurgicas.
De acordo com a acne – ligeira, moderada ou grave – o Dermatologista é o especialista adequado para indicar a opção de terapêutica correta para aquele caso concreto, já que as manifestações variam muito de adolescente para adolescente.